EXPLICANDO AS QLIPHOTH NO TAROT

Como ler Arcanos invertidos

O presente artigo tem como finalidade explicar como se dá a leitura de um Arcano que se apresenta de ponta-cabeça, em um jogo de Tarot. É bastante comum muitos tarotistas não considerarem a possibilidade de tratar diferenciadamente Arcanos invertidos, mas, em termos cabalísticos, esta constatação não pode ser discriminada. Os estudiosos avançados de Tarot irão compreender bem este fenômeno.

 

POLARIDADES

 

Em primeiro lugar, é relevante apontar que tanto as SEPHIROTH como as QLIPHOTH não admitem, dentro de si, o conceito de "polaridade". Cada esfera da Árvore da Vida "é o que é", imutável, com personalidade espiritual e características próprias. Contudo, um OBJETO observável, isto sim, pode sofrer as interferências polares; mas, o "polo" sempre manterá as suas qualidades (ex: Curitiba é uma cidade que recebe o frio no inverno e o calor no verão). Observe que o objeto "Curitiba" aceita a interferência de polaridades, mas a cidade, em si mesma, é como ela é; sofre mutações ao longo do tempo, isso é verdade, e essas mutações são reflexos da expansão ou contração dos status quo da cidade (políticas públicas; perfil populacional; mutações climáticas, etc).

 

Em síntese, uma esfera boa não contém dentro de si o mal; assim como uma esfera não contém dentro de si o bem. Por outro lado, sendo "espíritos", estes podem, pelo seu livre-arbítrio, ascender em direção à Luz ou descer em direção ao Pandemônio. E isto não é desenvolver ou admitir a co-habitação de polaridades, mas sim sofrer transformações pela influência do discernimento.

 

Um outro objeto, concebido de modo divergente, estranho ao processo natural emanatório, pode, por razões de erros, admitir a polaridade concomitante dentro de si; exemplo disto é uma pessoa hermafrodita. Pelo contrário, o Andrógino Primordial é um ser perfeito.

 

O MODELO DAS QLIPHOTH

 

"Qliphoth" é o plural de Qlifá, ou seja, é o conjunto das esferas cabalísticas que descreve as forças do Mal (ou distorções espirituais). A tradução da palavra original, do hebraico, significa "cascas" (em referência às cascas dos frutos que são descartadas como resíduos sem utilidade). Entretanto, um fruto não existe sem uma casca; assim como o mundo equilibra-se nos embates do Bem e do Mal. Afinal, o bem não seria uma busca se o mal não existisse. Não haveria possibilidade de um espírito evoluir se este não tivesse a chance de ascender em direção à Luz. Lembrando que, Bem e Mal não são polaridades (pois não estão sobre a mesma régua), são conceitos opostos, são rivais (diferente de uma pilha que, para gerar energia precisa dos dois polos, positivo e negativo ao mesmo tempo). Até mesmo um indivíduo diagnosticado como "bipolar" deve ser percebido se seria do bem ou do mal (mal-intencionado, criminoso).

 

As Qliphoth, no entendimento esotérico, também vendidas didaticamente como "sombras" no Tarot, são reflexos da Árvore da Vida, que se apresentam invertidas, onde as raízes estão à tona e a copa afundada em um abismo de escuridão absoluta.

 

A partir do evento "big bang" as emanações (as Luzes visíveis do Criador) deram forma ao Universo infinito, o sopro divino. Mas, por outro lado, dentro da compreensão cabalística, há um grande buraco negro espiritual que deseja esvaziar a Obra da Criação. As Qliphoth, em uma abstração didática, "estão dentro de uma imensa fossa oceânica", onde lá, no fundo, é impossível chegar a Luz.

 

As Qliphoth no Tarot. Prof. Luciano Kravetz, mestre esotérico.

O MODELO DAS QLIPHOTH.

As esferas negras do baixo astral em oposição às luminosas do alto astral. No topo da Árvore da Vida estão os elementos primordiais da Criação, os quatro ases do Tarot e a Santíssima Trindade; lá embaixo, o Pandemônio, regido pela trindade do Mal.

Autor: Luciano Kravetz, M.

 

COMO LER ARCANOS INVERTIDOS

 

No jogo do Tarot, todos os Arcanos devem, inicialmente, serem percebidos como bons ou maus, pois cada um dos Arcanos pode conter um espírito angelical ou demoníaco. E são os mecanismos intuitivo, psíquico e sinestésico que irão constatar de estarem presentes ali, no jogo, mensagens do alto ou do baixo astral.

 

Vamos pegar o DEZ DE OUROS do Tarot de Waite como exemplo do que queremos instruir. Note a presença da Árvore da Vida no design arcano. Caso você use Marselha, é impossível notar se o Arcano está invertido; sendo assim, é necessário usar a intuição ou notar as mensagens de outros Arcanos justapostos ao 10, no jogo. Observe a carta invertida:

 

Como ler ou interpretar Arcanos invertidos. Prof. Luciano Kravetz.

Arcano 10 de Ouros, invertido, o qual deverá ser considerado, ou não, uma Qlifá.

 

O Arcano menor 10 de Ouros é, essencialmente, o espírito do Anjo da Guarda que nos guia para uma boa qualidade de vida material e espiritual. Mas, no sentido espiritual sombrio, trata-se de um anjo caído, de nome Bathin (fonte: Goetia), que quando invocado pode trazer riqueza às custas, obviamente, de um choque de retorno.

 

Grosso modo, a interpretação de um Arcano invertido deve se dar de três modos distintos. No exemplo do 10 de Ouros:

 

1) Trata-se de uma energia de riqueza que "está chegando";

2) Trata-se de uma energia de riqueza que "está indo embora";

3) Trata-se de um bloqueio de prosperidade advindo de contingências naturais (do cotidiano da pessoa), ou um bloqueio de prosperidade advindo de energias densas provocado por brecha na aura ou trabalho de magia negra.

 

Uma observação importante! Às vezes um Arcano que não está invertido pode carregar consigo uma mensagem negativa, sombria ou de alerta. Tal constatação também dependerá da intuição e de outras cartas adjacentes, dispostas no jogo.

 

Esperamos, sinceramente, ter explicado as razões pelas quais Arcanos invertidos devem ser considerados na leitura do Tarot.

 

 

Prof. Luciano Kravetz, Mestre esotérico.