OBJETIVIDADE E SUBJETIVIDADE NO TAROT

 

Observe estas duas expressões:

a) o mar é salgado;

b) o sucesso pode ser alcançado.

 

Pois bem. A primeira assertiva é um fato objetivo; a segunda trata de uma questão subjetiva. Indiscutível e verdadeiro é o fenômeno de o mar ser salgado, contudo, mais ou menos salobro conforme a região. Já o sucesso, por vezes, é ou não alcançado conforme a perspectiva única e particular de cada pessoa. Portanto, podemos afirmar que a primeira assertiva se trata de uma "prescrição geral", com algumas variações (há mares mais ou menos salgado); e a segunda, remete à uma discussão de pontos-de-vista, com variáveis envolvidas.

 

Deixaremos de lado, neste ensaio, o cientificismo empírico. A nossa intenção é a de demonstrar alguns pressupostos que fogem da análise acadêmica, para nos concentrarmos mais na abordagem esotérica das questões objetivas e subjetivas da interpretação arcana.

 

No Tarot, o funcionamento dos Arcanos está sujeito a alguns pressupostos. Os Menores, apesar de astrais, são mais palpáveis (material ou intelectualmente), portanto, objetivos quanto aos seus significados (ex.: dois de copas é afinidade; três de copas é amor; quatro de copas é rotina, etc.), e podem variar somente de intensidade (ex.: mais ou menos afinidade; mais ou menos amor; mais ou menos rotina), logo, o valor numérico e a revelação que faz um Arcano Menor é imutável. Em reforço ao apontamento, tomando-se como exemplo a carta "2 de copas", esta não pode assumir nenhum outro valor numérico, óbvio, ou significado, que não seja afinidade.

 

Já, em relação aos Arcanos Maiores, estes são “oráculos de conversação”, subjetivos, pois estão envolvidos com situações íntimas, cheias de pormenores particulares; em outras palavras, o que é sucesso para mim, pode não ser sucesso para você! Sendo assim, por exemplo, transferindo essa ideia geral para o campo de interpretação das cartas maiores do Tarot, o Arcano A FORÇA pode assumir o sentido de fraqueza para alguém; A RODA pode assumir o sentido de azar; A TEMPERANÇA pode assumir o significado de impaciência, e assim se dá com os demais trunfos quando jogados diante das diferentes personalidades de caráter, níveis socioculturais, influências ambientais, enfim, toda a sorte de circunstâncias de vida às quais as pessoas se amoldam.

 

JUSTIFICATIVA

 

A Cabala nos ensina que as Sephirot (esferas cabalísticas) contém os números de 1 até 10 (são dez as esferas cabalísticas), e estas fazem, ainda, referências astrológicas e também aos quatro planos da Criação. Se agrupam, formando o reconhecido desenho da Árvore da Vida, e carregam consigo significados objetivos. Estes são os Arcanos Menores. Deixaremos de lado, por enquanto, o posicionamento das cartas da corte sobre a Árvore.

 

Os Arcanos Maiores, por sua vez, compreendem as diversas ligações entre as Sephirot, as quais se configuram em CAMINHOS (ex.: de Binah à Tipharet notamos o caminho dos ENAMORADOS - lâmina VI do Tarot Clássico). E, por força da Instrução Tradicional, as ligações entre as esferas cabalísticas devem, por seu caráter bilateral peculiar, predispor ao diálogo e interpretações de ordem intelectual, abstratas também, não tão exatas quanto àquelas que as esferas estáticas dos Arcanos Menores comunicam.

 

Prof. Luciano Kravetz, Mestre esotérico.

 

Sugestão de leitura: FORTUNE, Dion. A Cabala mística. São Paulo: Pensamento, 1993.