TAROT DE MARSELHA - EVIDÊNCIA DE UM ARRANJO CABALÍSTICO: o exemplo do Mago
Há, definitivamente, dentre os diversos sistemas interpretativos arcanos, duas principais preferências que definem os estudos e a prática contemporânea do Tarot:
A Abordagem Clássica é a primeira escolha de todos os que adentram nos recintos misteriosos do Tarot, e também representa o maior volume comercial dentre os decks e autores relacionados. Obviamente, por ser de fácil acesso ao mundo profano (em contraste ao dos iniciados das ordens esotéricas formais), vem acompanhado de um pacote de instruções prescritivas, resumidas e por vezes errôneas, dadas as prováveis limitações dos trabalhos de autoria (muito dos autores não se aprofundam nos estudos esotéricos cabalísticos e também não tem a visão das Ordens Seculares). Adicionalmente, apesar de contemplar um enorme volume de conteúdos a serem estudados, o classicismo contemporâneo não demanda maiores investigações por parte dos seus leitores, principalmente dos entornos que explicam os "porquês" dos Arcanos serem ensinados deste ou daquele modo, em particular. Em suma, o apelo comercial dispensa o estudante de refletir ou contra-argumentar sobre os construtos de conhecimentos do Tarot.
A Abordagem Cabalística do Tarot exige um comprometimento mínimo com os estudos da alta filosofia esotérica, portanto é bem comum notar um comportamento do tipo "fugir como o Diabo foge da cruz" do que assumir uma atitude que predispõe o estudo persistente. Em resumo, não querendo puxar a orelha dos "consumidores" do Tarot, mas já o fazendo, o apelo comercial da Arte "enfia" coisas na cabeça dos leitores, enquanto a Yoga do Ocidente submete o estudioso a se confrontar com a suas próprias limitações de aprendizagem, obrigando-os a frear os seus impulsos em adquirir o conhecimento pleno do Tarot em apenas uma semana! Logo, em oposição a esta facilidade didática, vemos o contraste da compreensão de que o domínio dos conhecimentos velados podem levar, na verdade, mais do que uma vida inteira.
Indícios cabalísticos no Marselha
Inicialmente, quando é observado o triângulo superno da Árvore da Vida, ao serem acrescentados os elementos do Tarot, vemos a seguinte imagem:
Ref.: Tarot Cabalístico. Recorte da Árvore da Vida (arte de Luciano Kravetz).
Note que no topo da Árvore há uma esfera primordial. Esta esfera resume a presença de todos os Ases do Tarot, os quais representam a imagem cabalística de uma "coroa" (Kether), símbolo máximo da realeza. Esta Realeza é Deus Manifestado, cabalisticamente, pelo intermédio dos quatro elementos: Fogo (PAUS); Água (COPAS); Ar (ESPADAS); e Terra (OUROS).
A segunda observação a ser feita é a denominação de "O MAGO" ao caminho n. 12, que interliga os Ases aos arcanos menores de número "3". Este é o caminho do MAGO no Tarot Hermético-Cabalístico.
Ora! Se o MAGO é um "caminho" proveniente das energias elementares puras, divinas, é coerente dizer que este Arcano Maior possui autorização para manipulá-las. Veja agora a evidência cabalística no design do MAGO do Tarot de Marselha. Admire o Arcano nos seus pormenores, os apetrechos que estão nas suas mãos e os demais que se encontram sobre a mesa!
O Mago do Tarot de Marselha.
Concluímos, a partir desses apontamentos, que o Arcano O MAGO manipula as energias primordiais do Grande Arcano Manifestado! Em outras palavras, a carta O MAGO, quando sai na jogada do Tarot, contém em si mesma as propriedades dos quatro Ases, trabalhando juntos, para efeito da materialização de uma ideia.
Implicações junto ao consulente
O Arcano O MAGO indica uma carta de poder, que carrega as energias dos quatro Ases. Logo, o aconselhamento que se dá ao consulente, a partir do vislumbre desta carta, é que o poder de realização está em mãos! Contudo, torna-se premente certificar-se de que a ideia é boa, o plano é bom, a implementação se dará de forma impecável, e de que os frutos serão recolhidos a contento (conforme planejado).
Prof. Luciano Kravetz, M.