O PONTO EQUILIBRANTE

A JUSTIÇA

 

No Tarot Cabalístico este é o Arcano XI:

"A Filha dos Senhores da Verdade"

A Justiça saindo de sua cátedra, pronta para entrar em ação.

Arte original: Luciano Kravetz.

O primeiro setenário do TAROT acaba na figura do CARRO (o Arcano VII). Portanto, a leitura daquilo que seria de ordem “espiritual” se encerrou. Adentramos agora no reino do meio, o conjunto das cartas equilibrantes – o segundo setenário do Tarot, a começar pelo Arcano VIII.

 

Tratamos da figura da JUSTIÇA, a mesma que julga pelos atributos da balança e que empunha a espada quando necessário for o emprego de uma punição. Esse novo ciclo está relacionado com as coisas da ALMA, ou seja, aquilo que nos “anima” (razão e personalidade). Agora são buscadas a satisfação pessoal e a diminuição dos dilemas da vida. Enfim, tudo aquilo que pode proporcionar o equilíbrio das coisas para bem viver.

 

A Justiça nos encara de frente, não há como ludibriá-la. Assim como a balança tem dois pratos, pois irá pesar os prós e contras dos diferentes argumentos das partes que a invocam, a sua espada possui dois gumes, porque poderá vir a punir tanto quem é alvo de sua sabedoria – o réu -  quanto aos acusadores, caso estes a demandem injustamente.

 

O Arcano, de modo positivo, revela a capacidade de tomar decisões equilibradas, pesando com cautela as influências emocionais que podem estar envolvidas. Não que considerar os aspectos emotivos seja ruim, mas é sabido que “se deixar levar pela emoção”, exclusivamente, nem sempre retorna em sábias decisões. A justiça é honesta e resistente às tentações. É muito racional, material.

 

Os aspectos negativos que esta lâmina pode revelar são um certo grau de desequilíbrio racional-emocional, abuso de autoridade, incapacidade de análise ou julgamento. Também excessos podem ser observados: intolerância, severidade desmedida, ditadura.

 

Arquétipo da Ordem Cósmica, a JUSTIÇA emana a harmonização dos antagônicos, a estabilidade e a capacidade de decidir.

 

 

SIMBOLOGIA DO ARCANO

 

Depois de termos estudado os arquétipos divinos, as cartas de I a VII, percebemos a primeira figura que nos remete a um senso de equilíbrio das coisas, aquela que podemos buscar para que nos seja providenciada a solução para qualquer tipo de demanda: a JUSTIÇA.

 

Quando na posição sentada, assume a cátedra perpétua de julgar os perversos. Em pé, está pronta para agir. A espada branca e pura (por vezes dourada) é o símbolo máximo desse propósito. Na outra mão, a balança que pesa os fatos, os prós e os contras, os dois pratos redondos que fazem lembrar o número 8, identificação do próprio Arcano. A balança está equilibrada, portanto não há nada a pesar, mas não é por conta disto que a sua espada não esteja de prontidão, empunhada para entrar imediatamente em ação.

 

A JUSTIÇA mira nos seus olhos. Encara de frente, nunca de soslaio ou buscando referências externas de apoio à sua decisão. É autossuficiente. Com os olhos fixos, parece estar em transe, isto porque perscruta o julgamento com base em elementos transcendentais, além dos intelectuais, obviamente.

 

NUMEROLOGIA

 

O número VIII pertence aos realistas e organizados. Refletem as pessoas que possuem senso crítico apurado, aqueles que podem assumir o controle. Evoca o símbolo do infinito.

 

COMO INTERPRETAR A JUSTIÇA

 

CARTA NA POSIÇÃO NORMAL: Justiça; Integridade; Conselhos valiosos; Busca do equilíbrio; Decisões equilibradas; Julgamento a partir dos atributos da razão, da intuição e da inteligência emocional; Uma decisão final; Honestidade; Processos legais; Pode representar um homem/mulher de leis, funcionário ou representante da ordem.

 

CARTA INVERTIDA: Os mesmos significados da carta na posição “normal”, mas com a sua energia baixa ou em ponto de se desenvolver.

 

FACE SOMBRIA: Desonestidade; Indecisão; Decisão errada; Tendência para beneficiar alguém em detrimento de outro; Corrupção; Confusão; Abuso de autoridade ou de poder; Perda de um processo jurídico; Multa; Condenação injusta; Problemas de saúde por causa de sedentarismo.

 

PLANOS: MENTAL, ANÍMICO E FÍSICO

 

PLANO MENTAL: Juízo (em sentido amplo); Juízo Divino; Justiça Divina; Aconselhamento que vem equilibrar a vida, vindo do Alto; Veredicto inalterável; Apelo à equidade.

 

PLANO ANÍMICO: Senso de Justiça; Atração ou Repulsão; Rigor; Aridez ou sequidão (no sentido de consideração estrita do que se diz).

 

PLANO FÍSICO: Justiça relativa (em todos os sentidos: infalível, falível ou limitada) porque provém dos homens; Expressão de rigor; “Colher aquilo que semeou”; Fim de uma ilusão (ex.: divórcio); Processo judicial ou administrativo; Prestação de contas; Reabilitação.

 

A JUSTIÇA EM OUTROS DECKS

Justicia, de Salvador Dali.

La Justice, de Etteilla.

 

REFERÊNCIAS

Spanish Tarot (Ed. Fournier); Dalí Tarot Universal (Ed. Evergreen); The Book of Thoth (Etteilla; Ed. Lo Scarabeo); Hajo Banzhaf; Oswald Wirth; Pedro Camargo; Sallie Nichols; Ademir Barbosa Jr.; Faith Javane e Dusty Bunker; Giovanni Sciuto; Wilfried Houdouin; Hadés; Alberto Cousté; Luciano Kravetz (textos).

 

O bosque alemão, em Curitiba.

Bosque Alemão.