TAROT CABALÍSTICO

-  FUNDAMENTOS ESOTÉRICOS - 

                       

O verso de um Arcano é um convite irresistível ao Mistério.

Abrindo a caixa de Pandora!

Em 40 LIÇÕES:

 

LIÇÃO 1

A Kabbalah é uma filosofia esotérica interdisciplinar

 

Kabbalah (Cabala) tem por significado "tradição", porque vem sendo transmitida há séculos, inicialmente pelos judeus, no formato oral e atualmente por diversos meios de comunicação. A Cabala hermética e a Árvore da Vida têm sua origem em tempos antigos não determinados, mas é a partir do século XII que ganham formato e força de filosofia oculta. O termo "esoterismo" refere-se à condição iniciática para a transmissão da tradição, ou seja, é necessário que o indivíduo seja iniciado, ritualísticamente, em uma Ordem de Mistérios, tal como a Maçonaria ou Ordem Rosacruz. É interdisciplinar pois abraça as ciências da Psicologia, Alquimia, Geometria, Trigonometria, Matemática, Numerologia, Teologia, Simbologia, Mitologia, Teosofia, Angelologia, Goetia, Astrologia, todas as ciências sociais e humanas e, atualmente, a perspectiva quântica.

 

 

LIÇÃO 2

O ponto focal é a Árvore da Vida

 

Vindo do Leste ou do Oeste; do Norte ou do Sul; de cima ou de baixo, tudo converge para a Árvore! Todas as religiões brotaram da Árvore e a ela sempre retornam. Nela, todos os deuses têm sua morada. Intelecto (Filosofia), percepção espiritual e intuição é a tríade para a compreensão da Cabala. O senso comum necessita reformar o edifício interior para que possa seguir no caminho da pedra. Em outras palavras, o cérebro duro, contaminado por tudo o que não é erudito, precisa ser lapidado à duras penas para poder aprender a Arte da Perfeição. Vícios serão derrubados e virtudes serão erigidas. O máximo do ser integral é ser culto, erudito. E é sob esta condição que o bom aproveitamento da Cabala Hermética se dá.

 

 

LIÇÃO 3

A Cabala é um sistema universal, assim como o Tarot

 

A sua linguagem é única e oferece um campo de encontro comum para todos os religiosos e espiritualistas. Filósofos e cientistas deleitam-se nos seus saberes. Ela apresenta os trinta e dois aspectos que envolvem "Sabedoria, Inteligência e Moderação" (os três pilares da Árvore). Estes aspectos combinam-se infinitamente. Parece loucura o tamanho deste conhecimento, mas é assim que o Louco do Tarot caminha... para todos os lados, sem rumo, fazendo um sem-fim de conexões. Trinta e dois são os caminhos: 22 Arcanos Maiores e 10 Menores, em todos os planos da Criação (Fogo, Água, Ar e Terra). Do mais sutil (espiritual) ao mais denso (material).

 

 

LIÇÃO 4

As três colunas do Templo

 

Positivo (Misericórdia), Negativo (Justiça) e Equilíbrio formam os pilares que dão origem a toda vida. Estas colunas brotaram de "Ain" (o Nada). O estudo da Árvore revela a expansão do Universo a partir do Nada até a concretização das manifestações físicas. A Trindade invisível, em um nível acima do desenho da Árvore, imanifestada, é composta por: Ain (o Nada), Ain Soph (um espaço ou vazio infinito ) e Ain Soph Aur (a Luz dentro do espaço infinito). A partir disto, milagrosamente, advindo de Deus, é formado um ponto de luz, que se tornou uma grandeza incomensurável, o qual podemos compreender como o Big Bang!

 

Comentando sobre as colunas positiva e negativa da Árvore, ensina-nos o Midrash (interpretações rabínicas): "Assim disse o Santíssimo, bendito seja: Se eu criar o mundo com o atributo de misericórdia, haverá muitos pecadores, porém, se o criar com o atributo de justiça, como o mundo poderá subsitir? Por isso, criarei o mundo com ambos e em conjunto, e tomara que ele perdure!"

 

 

LIÇÃO 5

O design da Árvore

Árvore da Vida: as cores dos caminhos dos Arcanos Maiores e as esferas dos Arcanos Menores.

Arte de Luciano Kravetz, M.

TAROT CURITIBA

A Árvore é composta de dez esferas (que são os pontos de inteligência fixos, objetivos) e de vinte e dois caminhos (os pontos de inteligência subjetivos). Ao conjunto das esferas denominamos Sephirot (plural de Sephira). As Sephirot são as estações de parada dos caminhos subjetivos da Árvore. As Sephirot são os arcanos menores do Tarot e as pontes entre elas (caminhos) são os arcanos maiores.

 

Nomenclatura:

 

Esfera 1: Kether (a Coroa), corresponde aos ASES do Tarot, os elementos criativos primordiais. É o primeiro ponto de luz, o mais alto localizado no pilar do meio. Ali estão presentes os conceitos de pureza, harmonia e androginia. A partir de Kether percebe-se as emanações. Cada esfera produz as suas próprias emanações. Em cada uma delas estão os quatro naipes do Tarot.

 

Esfera 2: Chokmah (a Sabedoria), corresponde aos arcanos menores de número "2". Esta esfera recebe a força vital procedente de Kether. Nela está contida o Zodíaco (e todos os zodíacos observáveis a partir dos infinitos sistemas planetários do Universo). Chokmah é a cabeça do pilar positivo (ativo-masculino), o centro das ideias abstratas.

 

Esfera 3: Binah (a Compreensão), corresponde aos arcanos menores de número "3". Esta esfera recebe a força vital de Chokmah e cria os primeiros padrões de formas animadas e inanimadas, de concepção nebulosa. Binah é a cabeça do pilar negativo (passivo-feminino). Kether, Chokmah e Binah formam a Trindade conhecida como triângulo superno. As esferas supernas pairam sobre o "Abismo do Conhecimento", o qual é guardado pela Alta Sacerdotisa. Este abismo possui o nome de DAATH (uma esfera invisível na Árvore). E, abaixo do abismo, contempla-se as demais sete esferas que irão formar, emanação após emanação, as leis cósmicas e o mundo das formas as quais conhecemos. As supernas compõem o Mundo Espiritual, Divino.

 

Esferas morais: a segunda trindade, invertida, pode ser observada nas esferas 4, 5 e 6. Este mundo moral (o princípio moral do mundo das formas) é composto pelas esferas Chesed, Geburah e Tipharet (traduzidas pelos nomes Compaixão, Severidade e Beleza).

 

Esferas astrais-materiais: outra trindade invertida é percebida nas esferas de número 7, 8 e 9. Este ambiente astral irá, de modo finalístico, tomar a forma do planeta Terra. As esferas possuem os nomes de Netzach, Hod e Yesod (Vitória, Glória-Esplendor e Fundamento-Alicerce).

 

Esfera 10: de nome Malkuth (o Reino), encontra-se solitária, densa, representa o planeta e contém as benesses de Kether. Essas benesses vão sofrendo "quedas", pois sabe-se que, de emanação em emanação, a força espiritual do triângulo superno irá se transformar em energias densas, terrenas. Nesta esfera encontramos, ao modo de todas as demais esferas, os arcanos menores de número "10".

 

Os Arcanos Maiores e Menores inscritos na Árvore da Vida.

Conforme a Golden Dawn.  Arte: Luciano Kravetz, M.

TAROT CURITIBA

 

LIÇÃO 6

Os quatro mundos

 

Os quatro mundos (planos) presentes na Árvore são:

 

ATZILUTH

BRIAH

YETZIRAH

ASSIAH

 

ATZILUTH é o mundo mais elevado, denominado Mundo Arquetípico. A esfera que rege este plano é Kether, a mais alta, situada no pilar do meio da Árvore. Dentro de Kether há uma outra Árvore inteira.

 

BRIAH é o plano abaixo de ATZILUTH e é regido pelas esferas de Chokmah e Binah. A este mundo denominamos de Mundo Criativo. Em cada uma dessas esferas há também uma Árvore inteira.

 

YETZIRAH é o Mundo Formativo, composto pelas esferas: Chesed, Geburah, Tifareth, Netzach, Hod e Yesod. Há seis Árvores neste plano.

 

ASSIAH é o Mundo Físico. Contido nele está desde um grão de areia até o conteúdo integral do Universo. Sua esfera regente é Malkuth. Neste mundo também estão presentes as QLIPHOT, esferas de uma árvore invertida onde vivem os demônios (os seus regentes são Satan e Lilith).

 

Malkuth (embaixo) representa a consumação de Kether (em cima). Cada Sephira (esfera) possui um dos nomes de Deus; há um Arcanjo em cada esfera, assim como anjos as povoam, subindo e descendo pela Árvore (a escada de Jacó). O Homem Celestial é Adam Kadmon e cada uma das Sephirot constituem parte da sua anatomia. Cada esfera recebe energia de sua antecessora, assim como transmite funções às seguintes, no que chamamos de processos de emanações.

 

 

LIÇÃO 7

Ain, Ain Soph e Ain Soph Aur

 

1. Ain é a fonte ilimitada de onde tudo veio e tudo a ela retorna. Antes da grande explosão universal toda a "ideia" estava contida em Ain. Tudo estava contido, ao mesmo tempo, ocupando o mesmo espaço negativo. Para que Ain fosse manifesto, houve a necessidade da sua revelação e posterior expansão. Fora de Ain não há nada, e o "Nada" é Ain em evolução. A expansão negativa, dentro de si mesma, é percebida como uma infinita contração (um útero completamente cheio que sofre com as dores da necessidade de fazer emergir das suas águas algo manifestado). O Caos é uma obscuridade, de sinal negativo, onde não há manifestação e Ain dorme. A existência negativa (a não manifestação) é Ain. As linguagens hieroglíficas ou figuradas deste estado, que tentam explicar a ideia de Ain são: Microprosopus (a "face menor", o homem celestial, o Adam Kadmon), Macroprosopus (Kether, os quatro elementos, o Criador) e Tetragrammaton (o nome sagrado YHVH).

 

2. Ain Soph é a primeira fagulha de Luz que se projeta dentro desta matriz de existência negativa. Ain Soph é o "ilimitado".

 

3. Ain Soph Aur é "Luz ilimitada". Esta é a primeira Luz que rompe a existência negativa e se manifesta em Kether. Os atributos desta luz são inconcebíveis para os homens e os espíritos, mas conhecidos por Deus. Este é o primeiro Mundo, Atziluth. A partir deste plano são emanados os outros três mundos: Briah, Yetzirah e Assiah. O "Arquiteto de Tudo" e do primeiro Mundo, arquetípico, é Deus! E o Arcanjo do Mundo de Briah, o segundo mundo, criativo, é METATRON.

 

 

 

OS ARCANOS MENORES

 

LIÇÃO 8

KETHER (os Ases)

 

É a primeira Sefirah da Árvore, a "Coroa", denominada de "Inteligência Oculta Admirável". Representa a fonte de toda a existência, assim como equilíbrio e androginia. Os primeiros redemoinhos criativos estão em Kether (o Primum Mobile). Ali estão a cabeça de Adam Kadmon (o Homem Celestial), os Elementos e os naipes do Tarot. O Arcanjo próximo de Kether é METATRON. O nome de Deus nesta esfera é Ahieh. A hoste de anjos de Kether são as quatro Santas Criaturas Viventes.

 

O Ás de Copas do Pagan Otherworlds Tarot, Uusi, 2016.

 

Arcano "O Mundo" (Arthur E. Waite) é o reflexo da esfera de Kether quando cria a Terra, os planetas e o Universo.

Em Apocalipse 4 está assim escrito:

"Diante do trono e ao redor, quatro Animais vivos cheios de olhos na frente e atrás. O primeiro animal vivo assemelhava-se a um leão; o segundo, a um touro; o terceiro tinha um rosto como o de um homem; e o quarto era semelhante a uma águia em pleno voo." (Bíblia, Ed. Ave Maria).

Por meio das Quatro Santas Criaturas, abaixo do comando de METATRON, toda a vida torna-se existência. Logo, no Mundo de Atziluth existe o arquétipo de tudo o que é e o que virá a ser. Kether é "EU SOU O QUE SOU" e contém as outra nove esferas que dela foram emanadas. A Coroa de Kether revela o Rei Absoluto e único que deve ser adorado. "Yod He Vau He", o Tetragrammaton, é Kether. O outro nome desta esfera é "O Antigo dos Tempos", o único Ente que faz contato com Ain. O terceiro mundo, criativo, Yetzirah, tem a Kether por princípio diretor (veja na Árvore: a esfera da Beleza - número 6 - está conectada a Kether  pelo caminho da Alta Sacerdotisa. Em outras palavras, em conformidade com o Tarot religioso ocidental, Jesus está conectado a Deus por Maria).

 

Kether (Deus) é Alfa e Ômega! Lá é empunhada a espada flamejante. Quando foi dito "Que se faça a luz!", esta Luz é Kether.

 

Em termos simbólicos, todas as esferas têm conotações com metais, e Kether é tal como o ouro mais puro e fino com uma cor tão esplendorosa que chega a ser um branco cegante. O ponto ou o ponto dentro do círculo é o símbolo de Kether. Nos termos teosóficos os deuses aplicados a Kether são: Deus, Zeus, Osíris, Cronos e Aton-Rá. O âmbar cinza e o diamante são o perfume e a joia de Kether. A imagem mágica da esfera é um Rei barbudo de perfil. Uma luminária (ou lâmpada) é a arma mágica de Kether. Outros símbolos de Kether são a amendoeira em flor, o cisne e o falcão. Aqui estão todos os Poderes Elementares do livro de Thoth (os quatro ases).

 

Os ASES são os ELEMENTOS! Eles estão presentes em Bereshit (Gênesis), na Torá:

 

NO PRINCÍPIO criou Deus os céus e a terra. E a terra era vã e vazia, e havia escuridão sobre a face do abismo, e o espírito de Deus se movia sobre a face das águas. E disse Deus: "Seja luz !" E foi luz. E viu Deus a luz que era boa; e separou Deus entre a luz e a escuridão. E chamou Deus à luz, dia, e à escuridão chamou noite; e foi tarde e manhã, dia um. E disse Deus: "Haja expansão no meio das águas e que separe entre águas e águas!" E fez Deus a expansão; e separou entre as águas debaixo da expansão e entre as águas de cima da expansão. E foi assim. E chamou Deus à expansão, céus, E foi tarde e foi manhã, segundo dia. E disse Deus: " Juntem-se as águas debaixo dos céus em um lugar, e se veja o elemento seco!" E foi assim. E chamou Deus ao elemento seco terra, e à reunião das águas chamou mares.

 

 

LIÇÃO 9

Chokmah (Arcanos menores "2")

 

A segunda Sephira (esfera) é a inteligência iluminante, e Chokmah significa "Sabedoria". Chokmah dá origem ao Zodíaco. Localizada em cima do pilar positivo da Misericórdia, é o aspecto masculino das forças vitais. Os símbolos planetários e os signos zodiacais encontraram a sua inspiração nesta esfera.

 

A esfera de número "2" carrega potenciais ambíguos, sendo vício ou virtude, pois carrega as intenções do Arcano Louco. A dualidade é característica da esfera. Sendo assim, por exemplo, o "2 de espadas" pode significar união de esforços ou duas pessoas que lutam uma com a outra. O dois de ouros sugere uma sociedade ou divisão de bens; o dois de copas é um encontro ou uma antipatia; o dois de paus é fé ou descrença.

 

As classes angelicais de Chokmah são Ofanim e Rodas, e destas surgem a primeira ideia abstrata do Universo, todavia como uma força ainda sem forma. O pai supremo do Universo é a Sabedoria Oculta. Chokmah é o sal da alquimia cabalística. Chokmah é a esfera suprema da magia, onde os conhecimentos de Thoth (Hermes Trimegisto) estão alojados.

 

O arcanjo da esfera é Ratziel. A energia que governa Chokmah é o Iod do Tetragrammaton. Podemos ver nesta esfera as figuras de Thoth, Palas-Atena, Minerva, Urano e Hermes, e Odin. O almíscar é o aroma da esfera. Chokmah também são as essências de Mahat, Kwan Shin Yin, Vishnu e Ishvara. As suas joias são a turquesa e o rubí. A flor é o Amaranto. Seus símbolos são a linha e a cruz. As armas mágicas são a Vara e o Lingam. O homem é o animal associado com a esfera de consciência de Chokmah. Nesta esfera estão as narinas de Adam Kadmon. A cor de Chokmah é cinza.

 

 

LIÇÃO 10

Binah (Arcanos menores "3")

 

Binah é a esfera da "formação", a primeira sobre o pilar negativo. É o aspecto feminino de Kether, o qual abarca o princípio materno. Binah completa a TRINDADE conhecida como "os supernos". O chakra mundano de Binah é Saturno, símbolo da restrição e de um provável aborto. Esta é a esfera do poder vital que une todas as formas.

 

Binah está por detrás de todos os veículos em quaisquer formas de manifestação: física, mental, emocional e espiritual. Desta Sefirah emanam as forças de construção e destruição. Note que o arcano "3 de moedas" denota empreendedorismo, mas o "3 de espadas" é sabotagem; o "3 de copas" é o amor consolidado, e o "3 de paus" é a influência de um grande plano diretor que aje sobre uma questão.

 

Como bem foi dito pela nossa referência (Sturzaker), "o homem deve compreender que só pode haver construção se há destruição". Em Binah há a combinação da mente com a matéria e, sendo assim, há um desvio, porque nem sempre o que está na mente consegue se materializar com perfeição. A compreensão da vida, as suas facilidades e vicissitudes, se encontram nesse nível de consciência.

 

Resistência e receptividade são as qualidades de Binah, que é uma mãe fértil e brilhante, assim como pode ser estéril e escura (Saturno agindo destrutivamente na gestação). A deusa Kali da religião hindu, com seus aspectos destrutivos e criativos, é um exemplo apropriado.

 

No Mundo de Atziluth (PAUS), Binah compõe as primeiras formas arquetípicas; no Mundo de Briah (COPAS), Binah cria. No Mundo formativo de Yetzirah (ESPADAS), Binah traz a forma e a existência. E, por fim, no Mundo de Assiah, é a esfera onde as coisas começam a se materializar.

 

Na alquimia cabalística, temos em Binah o enxofre. As minas de ouro (um conceito filosófico) estão dentro de Binah. Tzafkiel é o Arcanjo da esfera. A hoste de anjos de Binah são os Tronos. Binah é o lado direito da face do homem celestial (Adam Kadmon). A pomba, símbolo do Espírito Santo, é a imagem da esfera. O cálice e o triângulo também são os seus símbolos. Mirra é um dos seus aromas. Pérola e Safira são as suas joias. A sua arma mágica é uma Taça. O animal associado à Binah é a mulher. Os deuses da qualidade de Binah, são: Cibele, Rea, Deméter, Ísis, Frigg, Hera, Juno, Hécate e Saturno. As flores de Binah são o cipreste e a papoula. No nível briático, o Mundo Criativo, o negro é a sua cor (uma esfera negra, saturnina, tal como um útero escuro em expansão criativa).

 

 

LIÇÃO 11

Chesed (Arcanos menores "4")

 

Esta é a quarta Sephira, a segunda de cima para baixo no pilar positivo. O seu chakra mundano é Júpiter. É uma esfera que representa a misericóridia, o amor, as emoções. Uma das suas principais funções é temperar justiça (severidade) com misericórdia (compaixão). Acima de Chesed temos a SABEDORIA, logo, quando somamos à Chesed as qualidades daquela esfera superna, obtemos uma grande paz! Para que se possa compreender o potencial funcional de Chesed, basta verificar a quantidade das suas conexões na Árvore. Chesed é o caminho de retorno de todos os Deuses crucificados procedentes da esfera de Tifareth (6). Neste horizonte encontramos o pleno desenvolvimento do amor de Cristo. No mundo de Briah encontra-se a roda dos renascimentos espirituais (ressurreições) e materiais.

 

Em Chesed, vemos a consolidação do amor nos quatro mundos (naipes): o quatro de paus é o amor que conduz ao trabalho perfeito; o quatro de copas é a rotina saudável entre cônjuges; o quatro de espadas é paz mental; o quatro de ouros é estabilidade material.

 

O Arcanjo de Chesed é Tzadkiel (a retitude de Deus). Lá se encontra a hoste dos anjos Brilhantes. Ainda que seja uma esfera masculina-positiva, atribui-se a ela o elemento Água, uma qualidade feminina.

 

A prata e o azougue são os metais de Chesed, assim como o ouro refinado. Chesed é o braço esquerdo do Homem Divino. Aqui, podemos reconhecer os rostos de Brahma, Indra, Wotan, Poseidon e Amón. A cruz, a pirâmide e o tetraedro são símbolos de Chesed. As armas mágicas são a Vara, o Cetro e o Cajado de Pastor. Ametista e lápis-lázuli são as suas gemas. O cedro é o seu aroma. A substância enebriante é o ópio. A oliva e o trevo são as plantas desta esfera.

 

Um rei poderoso e muito bondoso permanece assentado e coroado em Chesed. Perto dele acomoda-se o seu animal consagrado, o Unicórnio. O Nome Divino relacionado a Chesed é "El".

 

Os paineis maçônicos sempre indicaram, de modo oculto, o objeto de estudo da Ordem. Acima, nota-se a Trindade das esferas supernas. Logo abaixo o tetragrama divino e, na sequência de descida um escudo com representativo dos Quatro Animais Sagrados. As colunas do templo são as mesmas da Árvore da Vida. Abaixo, os utensílios dos maçons (régua, compasso, esquadro, prumo) que assinalam as bases de trabalho da Ordem, ou seja, os estudos sobre a Arquitetura Divina.

 

 

LIÇÃO 12

Geburah (Arcanos menores "5")

 

A quinta Sephira, a segunda sobre o Pilar da Justiça. O seu Arcanjo é Khamael, o principal das hostes das Serpentes Ígneas. O chakra mundano é Marte, com todo o fogo, turbulência e guerra associados a este planeta.

 

Geburah é a esfera do castigo, do rigor, do temor e da severidade. É a Justiça Divina em ação e também um símbolo da morte! Desta Justiça nascem e se cumprem todas as outras justiças, perfeitas e equilibradas na Lei Universal. No mundo de Assiah a Justiça é tal como a conhecemos na ciência do Direito. As certezas das Ciências da humanidade se apoiam nesta esfera, pois tudo o que é descoberto cientificamente, tornando-se uma lei (Física, Matemática, etc.) torna-se justo. Neste nível os homens entendem que tudo pode ser resolvido pelo fogo e pela espada. Os fanatismos científico, religioso e político, na esfera mundana, são percebidos aqui.

 

Os fanatismos marcianos só podem ser evitados se a meditação em Tifareth (esfera "6") se der antes da meditação em Geburah. O néscio se eleva de Hod a Geburah para se afirmar no seu fanatismo cruel. Geburah é a noite escura da alma, o açoite do culpado, o desespero do pobre. Lanças e chicotes a representam. Aqui, experimenta-se uma visão de poder.

 

Neste ponto, o Deus sacrificado (crucificado) procedente de Tifareth destroi todas as formas de insinceridade com o fogo de Marte.

 

Mas, sendo Geburah reflexo (emanação) de Binah, é certo de que seus atos são inteligentes. Apesar de possuir atributos femininos (justiça, força, rigidez) a forma da sua aplicação é masculina. Todo o desregramento universal é corrigido e punido em Geburah. Aqui, cumprem-se as leis do Karma.

 

Um vermelho vibrante (ou amarelo brilhante) é a sua cor. Um ferro em brasa, ardente é atribuído a Geburah. O Nome Divino, o regente da esfera, é Elohim Gibor (os Deuses Poderosos). Néftis é encontrada lá, assim como Thor, Ares e Hórus têm conexões com Geburah. O braço direito do Homem Divino é Geburah. O animal místico é o Basilisco. As drogas alucinógenas da quinta esferas são variadas, tais como a cocaína ou a atropina. O carvalho, a urtiga e a nogueira são as plantas de Geburah. O rubí é a gema. O aroma é o tabaco. Uma rosa vermelha (ativa) e uma rosa branca (passiva) também a simbolizam.

 

No cinco de ouros notamos o poder supremo da miséria, somente amenizada pelo antídoto da Caridade.

 

O cinco de copas revela o cansaço de uma rotina, um amor que já não é mais o mesmo, mais fraco, beirando o afastamento dos corpos.

 

O cinco de espadas revela uma ruína ou um castigo aplicado. O cinco de paus é um aviso para que se esteja "antenado", adaptado aos contextos, pois sem esta sintonia certas leis que regem os descasos entrarão em ação.

 

5 de Ouros do Tarot Cabalístico.

A. E. Waite, conhecedor da Cabala hermética, idealizou a miséria como uma das realidades construídas a partir da energia de Geburah.

 

LIÇÃO 13

Tifareth (Arcanos menores "6")

 

Tifareth é o coração da Árvore da Vida, um centro devocional, solar, o coração da religião esotérica e o coração do Universo. No Mundo de Assiah, Tifareth é o centro do Universo e também o coração de um homem. Nesta esfera, encontra-se um grande paradoxo: "Vida é morte, e morte é vida!" Aqui um homem aprende a ser criança e rei ao mesmo tempo.

 

Nesta Sephira (esfera) as riquezas materiais transformam o indivíduo em um depauperado espiritual. Aqui estão o reino de Valhala e a Fênix. A partir de Tifareth os deuses sacrificados se elevam a Chesed, a esfera dos Mestres. Este é o nível dos Deuses menores, ou locais, tais como Jesus. Aqui, matéria e espírito equilibram-se com perfeição. Outro nome cabalístico da esfera é "Beleza". Acima de Tifareth está Kether, o Deus Maior; e o caminho que une estas duas esferas é a Alta Sacerdotisa (um dos seus nomes: Maria).

 

Tifareth é mediadora dos pilares da Justiça e da Misericórdia e, além disso, tem o poder de as fundir em um só pilar, justo e perfeito. O Arcanjo de Tifareth é Rafael, o anjo da cura! A hoste de anjos são os Reis (Reis sacerdotes e Deuses sacrificados). O chakra mundano é o Sol: este Sol, no Universo, é a Lei do Logos Divino (o seu resplendor); na Terra é simplesmente a nossa estrela local.

 

A alma (Ruach) conhece aqui o Bem e o Mal. O Nome Divino da esfera é Eloah va Daath. A terceira letra do Tetragrammaton, Vau, se aplica a Tifareth. O lado sombrio de Tifareth, nos mundos inferiores, é o orgulho.

 

Tifareth completa a segunda trindade (invertida), quando combinada com Chesed e Geburah. Aqui está o puro ouro dos alquimistas, a transmutação de um homem feito de barro para um Homem Divino. O metal alquímico-cabalístico da esfera é o ferro. Os deuses de Tifareth são Ra, Adonis, Apolo e, certamente, Jesus. A Acácia é a sua planta, um símbolo de ressurreição (não se confunda com reencarnação). Aqui é o reino simbólico da Fênix, do Leão e da Aranha. Tifareth é o coração do homem celestial - Adam Kadmon.

 

Outros símbolos sagrados de Tifareth são a Cruz do calvário, o cubo e a Pirâmide truncada. As armas mágicas são o Lamen (um pingente mágico pendurado no pescoço que paira sobre o coração) e a Rosacruz. Olíbano é o aroma de Tifareth. As drogas são os digitálicos, o café e o álcool. O amarelo-ouro é a cor do centro de Tifareth, e o topázio é a sua gema.

 

Os Arcanos menores "6" se revelam na imagem mental de um hexagrama (estrela de Salomão), o que indica a reunião harmônica dos fundamentos materiais com os espirituais. Dois triângulos que se entrelaçam formalizando a realidade da Vida nos seus aspectos mais elevados.

 

 

LIÇÃO 14

Netzach (Arcanos menores "7")

 

É a última Sefirah do pilar positivo - a Inteligência Oculta, o refúgio do esplendor de todas as virtudes ocultas, a esfera do triunfo e da vitória. Em Atziluth (paus) é um arquétipo imaginário; em Briah (copas), a esfera produz ideias abstratas a partir da imaginação abstrata; no mundo formativo de Yetzirah (espadas) a imaginação produz ideias concretas; em Assiah (ouros) as ideias tornam-se consolidadas. Netzach é o plano mental inferior da consciência. Neste nível, compreendemos melhor os fenômenos da Natureza os quais fundem-se para nos mostrar a realidade integrada (única e entrelaçada) da vida.

 

Esta Sefirah carrega o aspecto inferior de Vênus, logo implica em amor sexual, mas também rege, vitoriosamente, o controle sobre as emoções. Aqui a "alma" é virgem e o chakra pelo qual flui a força de Netzach é Manipura (o plexo solar), de uma beleza triunfante. As perspectivas da luxúria e da avareza estão presentes na esfera, e quem controla esses vícios é o "altruísmo" que também está dentro dela. No centro de Netzach encontramos a musa e o artista, onde a alma predomina sobre o exercício penoso de viver a vida material. Aqui temos o sétimo grau do ouro (Zahab Sagur), um ouro fino, um tesouro enterrado nas entranhas da terra. Na alquimia cabalística o estanho é o mineral associado a Netzach.

 

O Nome Divino de Netzach é Jehovah Tzabaoth. O seu Arcanjo é Haniel. A hoste angelical é denominada de os Elohim (ou Deuses). Baal é o arquidemônio da esfera (da hoste de Harab-Serapel).

 

Vênus é o chakra mundano de Netzach. É a perna esquerda do Homem Divino. As deusas da esfera são: Nike, Hathor e Afrodite. O raio verde (em tom de esmeralda) representa Netzach, assim como o lince, a pomba e o gato. Os perfumes são o benjoim, o sândalo vermelho e a rosa. A droga vegetal para esta esfera de consciência é a damiana. A flor simbólica da Sefirah é a rosa.

 

Representação da Árvore da Vida, relacionada com a invocação de Salomão.

Diferente de como são tradicionalmente desenhadas, nota-se neste desenho a inversão das colunas. Entretanto, as sequências de emanações se apresentam corretamente. Os planos (mundos) da Criação estão presentes. A ilustração está de acordo com a "Ioga do Ocidente", e sugere Jesus como Deus sacrificado.

 

LIÇÃO 15

Hod (Arcanos menores "8")

 

Hod é a última Sefirah do pilar negativo e a oitava sobre a Árvore, e também representa os Arcanos menores de número "8" em todos os Mundos Criativos (Paus, Copas, Espadas, Ouros). Hod quer dizer "Glória" ou "Esplendor"! Dela surge as luzes das estrelas. A prudência é descoberta e se desenvolve neste nível de consciência (8 de ouros). Em alquimia cabalística, Hod é da classe do Bronze. Em hebraico, bronze (nechuseth) tem a mesma raiz etimológica que serpente (nachash). Hod está rodeada por uma serpente.

 

No nível diplomático, é também a esfera da intriga e da insegurança (8 de espadas).

 

Da raiz de Nachash (a serpente) surge "Nechashim", que são encantamentos e ilusões. Aqui, várias religiões são criadas e também, ao seu tempo, destruídas. Neste nível de consciência encontra-se um comportamento divergente, que é o fato do homem adorar mais o "instrutor" do que os seus ensinamentos (ex.: achar linda a moldura, em vez da arte do quadro; achar lindo o baralho de Tarot que o mestre manipula, em vez de prestar atenção na valiosa instrução).

 

No Mundo de Atziluth, o mais alto, estão os arquétipos das religiões e os seus deuses. No Mundo de Briah, cria formas abstratas, muito puras. No mundo Yetzirah tem lugar a forma, com um ligeiro desvio. E, no Mundo de Assiah, são notados os deuses e as religiões com maiores níveis de distorções, os lugares das ilusões (os protótipos das igrejas feitas pelos homens e não por Deus).

 

Elevar-se desta esfera até Geburah sem passar por Tifareth só pode trazer consigo um desastre e o retorno a Hod!

 

Esta é a esfera da GLÓRIA DE DEUS, que se expressa pelo intermédio das formas e da Ciência!

 

O Arcanjo de Hod é Miguel (Mikael), o Protetor (o Guardião). A hoste de anjos são os Filhos de Deus. O chakra mundano é Mercúrio. Um hermafrodita é a imagem focal da esfera, onde um indivíduo pode harmonizar o masculino e o feminino dentro de si. O acetismo de Hod pode destruir o espírito se não for equilibrado com Netzach.

 

Elohim Tzabaoth é o Nome de Deus na esfera.

 

Outros deuses associados com esta esfera são: Hermes, Anúbis, Hanuman, Odin e Loki. O ouro vermelho é o oitavo grau do Ouro, e se relaciona com Hod. Os animais de afinidade são o chacal e duas serpentes. Anúbis é o deus com a cabeça de chacal, e as duas serpentes representam a dupla corrente. As armas mágicas são os versículos e o avental. Este avental oculta o esplendor do Mago. A cor violeta-púrpura está associada com a esfera. Em Hod está o  quadril e a perna direita do Homem Celestial. O chakra é o umbigo. A planta de Hod é o Anhalonium Lewinii (Peyote), uma droga que produz visões coloridas. O estoraque é o perfume desta esfera de consciência. No reino qlifótico (sombrio), está presente o arcanjo Samael, o falso acusador.

 

 

LIÇÃO 16

Yesod (Arcanos menores "9")

 

Esta é a nona esfera, centralizada abaixo de Tifareth na Árvore. Refere-se a uma Inteligência Pura, o lugar onde se assenta o mundo físico (Malkuth). Yesod equilibra a vitória e o esplendor de Netzach e Hod. Neste ponto, as qualidades de Chokmah e Binah (esferas 2 e 3) se encontram para dar forma ao projeto astral que irá se configurar em matéria terrena, posteriormente.

 

Yesod é a esfera dos desejos (o mundo da Lua). As emoções do sexo surgem aqui, assim como as preocupações sobre as questões afetivas. As bases da ansiedade e da depressão são percebidas quando as "águas da vida" estão estagnadas ou sujas. Esta é a esfera do princípio gerador. Em relação ao Homem Celestial é a esfera dos órgãos reprodutores. Além de uma compreensão real da força sexual presente dentro da esfera aqui se inicia o brotamento das paixões. A imagem mágica de Yesod é um homem forte, nu.

 

Aqui, um homem entende plenamente a natureza da mulher, assim como entende o feminino dentro de si. 

 

Yesod é um mundo astral, ou seja, uma sutil forma de matéria que permeia toda a vida. Assim como a Lua é a regente das marés, Yesod rege os fluxos e refluxos das forças vitais. Este movimento de vem-e-vai é a sua respiração, que promove a estabilidade das emoções (com exceção caso a água esteja estagnada, empoçada). O Arcanjo de Yesod é Gabriel (aquele que anunciou à Maria a vinda do seu filho). Gabriel representa as Águas da Sabedoria. A hoste de Anjos são "Os Fortes".

 

O chakra mundado de Yesod é a Lua, a chama lunar de prata. Todos os aspectos femininos são encontrados na Lua. A regente do lado sombrio da Lua é Hécate, a bruxa, a qual elege poucos indivíduos (nas viagens astrais) para visitar os seus domínios. Um verdadeiro Mago e uma verdadeira bruxa já a contataram. A Lua é também um centro de influências de naturezas duvidosas.

 

Yesod, por meio do seu chakra mundano (Lua) transmuta a força solar de Tifareth. E, não há como chegar em Tifareth sem passar pelas provas da Lua! Yesod é a esfera da sabedoria oculta (Ocultismo) que requer a prática de estudos eruditos e o uso da intuição. As engrenagens universais podem ser visualizadas neste nível de consciência. Yesod é a esfera do inconsciente coletivo, do senso de independência e da ociosidade.

 

O Nome Divino é Shaddai-El-Chai, o "Deus Todo-Poderoso e Vivente". Diana, a deusa da Luz, o deus Shu, o deus do espaço, pertencem a Yesod. A consumação da força do Tetragrammaton tem lugar aqui. Os símbolos de Yesod são as sandálias e os castiçais. O chakra correspondente ao Homem Celestial é Muladhara (o Lingam). Índigo é o raio devocional. As gemas são o quartzo e a pedra da lua. As plantas são o baniano, a mandrágora e a damiana. Os animais são o elefante, a tartaruga e o sapo. A raíz da orquídea é a droga da esfera de Yesod. Os perfumes do jasmim e do ginseng harmonizam a esfera de consciência. As armas mágicas são os perfumes e as sandálias.

 

Em relação aos Arcanos do Tarot, Yesod carrega consigo a Lei do Tempo e a eternidade dos espíritos (9 de paus); a felicidade afetiva, o amor pleno, que está ao alcance das mãos (9 de copas); os temores e pesadelos (9 de espadas); e, por fim, a riqueza material que está prestes a se firmar (9 de ouros).

 

 

LIÇÃO 17

Malkuth (Arcanos menores "10")

 

Esta é a décima e última Sefirah sobre a Árvore, negativa ante toda Ela e positiva em si mesma. Representa a conclusão do esquema que se forma a partir de Kether (a Coroa). Malkuth é a totalidade da manifestação física. Relaciona-se com o homem comum e o universo (cosmo, natureza). Aqui a evolução termina e a involução começa. A partir de Malkuth é possível ascender ao Céu (Kether) ou descer aos infernos (Qliphot).

 

Malkuth é o resultado final do processo vital, a Sefirah caída, a densa solidificação. É o mundo de Assiah, o centro das experiências. Em Malkuth as altas aspirações podem se realizar (dez de ouros; dez de copas); podem ser estorvantes (dez de paus); ou serem destruídas (dez de espadas).

 

É o mundo das tentações, das provações e das riquezas corruptíveis. O karma, bom ou mal, se acumula nesta esfera de consciência. É um caminho de Inteligência Resplandecente. A Mãe Terra é a alma das funções física e espiritual do homem. Esta Sefirah é cabalísticamente conhecida como Microprosopus (ou a Noiva). A tradução de Malkuth é "Reino" (porque o que está em cima - a "Coroa", também está em baixo, no Reino). Em Malkuth, "todas as coisas vivem para morrer e morrem para viver".

 

O Arcanjo é Sandalfon. A força oposta de Sandalfon, da Ordem das Qliphot, é Lilith - a mulher da noite. A hoste dos anjos de Malkuth são as Almas de Fogo. O chakra mundano de Malkuth é formado pelos elementos Fogo, Água, Ar e Terra, densificados e tais como um reflexo dos mesmos elementos sutis de Kether (os Ases). As quatro Santas Criaturas, em Malkuth, são os quatro elementos. Pelo intermédio das forças combinadas dos quatro elementos é que a tarefa de Malkuth é executada.

 

Quatro raios compõem a combinação de cores de Malkuth: citrino, oliva, castanho-avermelhado e negro. Em Malkuth, as dez Sephirot tornam-se apenas uma! Os metais de Malkuth são metamorfoses dos Ouros e das Pratas dos pilares da esquerda e direita. Malkuth é o campo fértil donde brotam as sementes dos minerais secretos, tal como a "Água do Ouro". E, o grau do Ouro em Malkuth é Zahab Ofir (Ouro de Ofir).

 

Os símbolos de Malkuth são a Cruz do Calvário e o Altar de bronze. Na anatomia do Homem Celestial vemos os pés. Aqui se apresenta o "He" final do Tetragrammaton. O Santo Anjo da Guarda nos auxilia aqui. Os deuses de Malkuth são: Seb (deus egípcio) e Perséfone, e também Ceres. As armas mágicas de Malkuth são o Círculo e os Triângulos Mágicos. O animal é a esfinge (a combinação das quatro Santas Criaturas Viventes). Aqui está o jardim do Éden. A gema é Cristal de Rocha. As plantas são o salgueiro, lírio e a hera. As drogas são os cereais. O perfume é o Díctamo de Creta.

 

Kether é um ponto concentrado, e Malkuth é a ideia que o ponto tem de si mesmo quando observa a Obra Universal Material Criada.

 

O Tetragrama é a palavra hebraica de quatro letras que forma o nome inefável do Deus de Israel. As letras devem ser lidas da direita para esquerda (Iod - He - Vav - He), e revelam o nome Yahweh. As letras Iod-He-Vav-He formam também a noção dos nomes próprios do casal primordial do Éden: Adão-E-Eva.

 

 

LIÇÃO 18

CARTAS DA CORTE

 

As cartas da corte não estão presentes na Árvore da Vida, mas são energias circundantes que se referem à pessoas concretas (homens, mulheres ou jovens) ou atributos de sabedoria, inteligência, caráter e personalidade. Obviamente, aqui na Terra, temos indivíduos desde os mais comuns até os mentores de multidões. Cada uma dessas pessoas, dentro do seu limite intelectual e/ou material alcançam ou servem de parâmetro para os demais.

 

Rei de Paus, Grimaud, Paris.

 

Sabendo que as cartas da corte representam pessoas de verdade, eis como se deve percebê-las, grosso modo:

 

Rei de Paus: é um homem maduro, mais velho, com a sabedoria do Fogo (ex: Jesus; o Papa; um alto sacerdote).

Rei de Copas: um homem que possui a sabedoria da Água, de carisma inigualável, praticante da caridade (ex: São Francisco; Xico Xavier).

Rei de Espadas: é a sabedoria do Ar, um homem muito justo, um grande idealizador (ex: Santos Dumont; Graham Bell; Nicola Tesla; um desembargador).

Rei de Ouros: é a sabedoria da Terra, um grande motor de transformações sociais e econômicas (ex: Assis Chateaubriand; os Matarazzo).

 

Rainha de Paus: é a mulher madura, mais velha, com a inteligência do Fogo (ex: Madre Teresa).

Rainha de Copas: é a caridosa em pessoa, agregadora familiar, curadora, com a inteligência da Água (ex: as santas da Igreja; a matriarca de uma família; uma médica).

Rainha de Espadas: é uma líder, comandante. Possui a inteligência do Ar (ex: Margaret Thatcher; uma juíza).

Rainha de Ouros: também uma líder, com a inteligência da Terra, protagonista de um exemplo de sucesso (ex: a Luiza, do Magazine Luiza).

 

Cavaleiro de Paus: um homem ou mulher de meia idade, bastante motivado e líder de grupos de indivíduos, tal como um gestor. É a responsabilidade em pessoa, estrategista, que assume uma missão e a conduz até o fim.

Cavaleiro de Copas: um homem ou mulher de meia idade, responsável, ético, cujo foco atual na vida é promover o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas próximas a quem ama. É também aquele (ou aquela) que ama muito o que faz.

Cavaleiro de Espadas: são as pessoas da área do Direito, os comandantes e os projetistas de escalão intermediário (ex: juízes, advogados, militares com patentes, engenheiros, técnicos de todas as áreas, filósofos, etc).

Cavaleiro de Ouros: são as pessoas de meia idade em processo de construção do seu bem-estar material. São também aqueles colaboradores responsáveis pelos resultados nas empresas (ex: analistas, chefes, supervisores, gerentes e outras profissões ou cargos posicionados em escalões intermediários).

 

Valete de Paus: um homem ou mulher jovem, empolgado (motivado e confiante). Orientado pela impulsividade.

Valete de Copas: um homem ou mulher jovem, em fase de vivenciar as doçuras e decepções do amor. São os adolescentes que não compreendem corretamente a natureza das emoções e têm o choro fácil. Costumam levantar bandeiras sem conhecer, com propriedade, os labirintos políticos nos quais estão envolvidos.

Valete de Espadas: um jovem (homem ou mulher) inexperiente ou imaturo, contudo destemido, em fase de aprender a tomar decisões. Pode se apresentar como um desmiolado, um adolescente rebelde. Em termos mais materiais, como exemplo, um valete de espadas é um soldado (um cavaleiro de espadas é o capitão; e o rei de espadas é o general). Um indivíduo como este é capaz de se tornar um ativista convicto de foco concentrado, um inocente útil.

Valete de Ouros: representa os jovens saudáveis, ambiciosos no sentido de avanços materiais, mas ainda com pouco compromisso com o seu sustento (são os estudantes e os estagiários). Os valetes de ouros pensam em vencer na vida prematuramente e são muito úteis.

 

Conforme preconiza a Aurora Dourada, nas instruções gerais sobre Cartomancia, temos que as cartas da corte (os naipes) informam sobre os traços naturais dos indivíduos:

 

PAUS: são pessoas de pele bem clara e cabelos louros ou vermelhos, provavelmente com olhos claros.

COPAS: são pessoas de pele clara e cabelos castanhos claros.

ESPADAS: são pessoas que possuem a cútis mais tonalizadas, com cabelos escuros ou pretos.

OUROS: são os negros.

 

 

 

ARCANOS MAIORES

 

LIÇÃO 19

O LOUCO

 

"Um homem representa muitos papeis ao mesmo tempo, tal como um comediante" (J. Sturzaker). E isto é o Louco sobre a Árvore, um homem e também Deus com muitos papeis. Este caminho é o mais importante dos 22 Arcanos Maiores, e representa o ALFA e ÔMEGA, a letra hebraica Alef, o Arcano ZERO.

Cristograma "Alpha et Omega". Patch clerical.

 

O LOUCO é influenciado pelo elemento AR, símbolo do Espírito. Este Arcano representa o Espírito desde o começo até o final da sua viagem pelo espaço e tempo. O Louco retrata a inocência, a ingenuidade e a estupidez. É o BOBO da corte cabalístico. Para descer até Malkuth a bolsa do Louco está cheia de objetos materiais e mentais essenciais para a sua jornada. Quando retorna de Malkuth, indo para o Céu, a bolsa se esvazia, porém fica cheia do Espiritual. Uma bolsa cheia revela um louco material; uma vazia, a expressão Divina em essência.

 

Consciente e subconsciente, atuando em sincronismo, formam um cachorro (o detalhe clássico na carta do Louco). (Uma curiosidade: no idioma inglês DOG é o inverso de GOD). O cachorro também simboliza o mundo que pode quebrar o Louco em pedaços.

 

Voltando a comentar sobre a sua bolsa, quando o Louco retorna da sua viagem, traz dentro dela o seu Karma.

 

O Louco é a INTELIGÊNCIA CINTILANTE, e Alef significa: "Pois meu jugo é suave e meu fardo é leve!"

 

Este Arcano representa tanto o fracasso como o êxito, a queda aos infernos (Qlifoth) ou o voo aos Céus (Kether). O cajado porta o poder dos ermitões. O caduceu, a vara de Arão, o báculo de Moisés, todos esses estão contidos no cajado do Louco.

 

"Elevarei meus olhos às colinas" - Estas colinas simbolizam Chokmah e Binah (as esferas 2 e 3 da Árvore da Vida). Aqui está a Filosofia e a Doutrina da Mente Pura. Assim como tudo é em Kether, tudo é no Louco. Tudo o que está latente "no interior" pode ser lançado fora de modo a explorar o tempo e o espaço. O Louco, nesta exploração, ilustra os obstáculos a superar.

 

Tanto na descida como na subida é necessário cruzar o abismo!

 

A essência de Kether (a Coroa), contida no Louco, encontra o seu reflexo em Chokmah.

 

Este é o primeiro grau do Aprendiz da Maçonaria, o começo de uma série de iniciações. Este é o espírito e a mente puros que aguardam a experiência da transmutação da inconsciência em perfeição consciente.

 

O Louco colocou os seus pés na Escada de Jacó, e subirá e descerá nela através dos quatro mundos. O Louco representa a centelha divina dentro do homem, um sistema solar, o zodíaco, uma galáxia e o Universo. A Criação começa e termina no Louco. A sua cabeça está em Kether e os seus pés em Malkuth. Assim como "cria", o Louco também pode "descriar" (= deixar de crer; aniquilação total).

 

O Louco é AIN manifestado, cumprindo o seu progresso evolutivo. Ora indo de encontro à perfeição, ora imperfeito (este é potencial do ZERO, tudo ou nada!) Tudo é igual a "um" (1) e o seu oposto é (-1); a soma é ZERO. Onisciente, Onipresente e Onipotente e, mesmo assim, transfere livre arbítrio para a humanidade.

 

O Louco é o Alquimista Divino, o Espírito Santo! O seu caminho é amarelo pálido, muito brilhante. Suas gemas são o topázio e a calcedônia. O álamo é a sua planta; os seus animais são a águia e o homem. Aqui está o poder mágico da ADIVINHAÇÃO. As armas mágicas são a adaga e um leque. O perfume é o gálbano; a droga, a pimenta. Deuses relacionados ao caminho do Louco são: Júpiter, Zeus e as Valquírias.

 

 

LIÇÃO 20

O MAGO

 

Conectando Kether e Binah, o Mago é a "Inteligência da Transparência"! Aqui encontramos o símbolo do infinito (lemniscata) e da expressão da eternidade. As quatro forças elementares da vida estão à disposição do Mago. As suas mãos extraem os poderes do alto (Kether) e são aplicados abaixo, até Malkuth. Estes poderes também podem ser trevosos... Um Mago é simplesmente isso, nem negro nem branco, porque a Magia é como uma arma que cabe para o serviço do mal ou do bem.

 

"O Magistral". Sebastian Domaschke Tarot.

 

As forças de Kether são utilizadas tanto pelo Louco como pelo Mago. O Louco no papel do Mago, no caminho descendente, as utiliza de modos erráticos. Neste nível, Atziluth, existe o Mago Arquetípico. No mundo briático temos o Mago Perfeito. No nível yetzirático o Mago se inclina a usar ideias e emoções que ditam o uso dos seus poderes. Em Assiah os poderes do Mago são ditados pela personalidade. Em síntese, este Arcano representa a comuniação do poder e das forças puras de Kether até Malkuth.

 

A união e o uso racional dos quatro elementos são os trabalhos do Mago. Aqui cumpre-se o postulado de "conhecer, ousar, fazer e silenciar". A letra hebraica para este caminho é Beth (casa). "Na casa de meu Pai (a Árvore) há muitas moradas (as Sefiroth)". Mercúrio é o signo astrológico do Mago (pois ele circunda com grande velocidade O Sol dos Poderes da Criação!). Mercúrio é um raio amarelo que expressa atividade criativa e uma habilidade mental altamente desenvolvida.

 

Ele traz consigo o elemento AR, símbolo do espírito. E, tal como o Louco, este caminho se encontra por cima do abismo, no nível do espírito. As mãos do Mago simbolizam a máxima da Tábua de Esmeralda e os pilares do templo, portanto, o positivo e o negativo. O Mago pode ascender ao Céu (Ain) ou descer aos infernos (Qlifoth). Daí, conclui-se que o Mago pode se aliar ao Divino ou ao Diabo.

 

Fórmula mágica para abrir um portal:

 

"Buscai e encontrareis, invocareis e o que for chamado virá!"

 

A vara, o cálice, a espada e o pentáculo simbolizam as quatro forças maiores (ou elementos): o Fogo, a Água, o Ar e a Terra. São estes os elementos que o Mago aprende a manejar. Assim, ele pode controlar a natureza, as estrelas e os planetas, que obedecerão aos seus mandos. Estes grandes símbolos do Tarot formam o Tetragrammaton (Yod=Paus; He=Copas; Vav=Espadas; He=Terra).

 

Nos tarôs nota-se, em cima da cabeça do Mago, uma forma característica no seu chapéu, um 8 deitado, signo da eternidade. O Mago é o regente do DESTINO, o transformador do Universo. Não há limitações na mente do Mago!

 

As pedras preciosas do Mago são a Opala e a Ágata; as plantas são a verbena e a mercurial. Os animais são a andorinha e o macaco. Os poderes mágicos desenvolvidos pelo intermédio deste caminho são os de cura, o dom das línguas e o conhecimento das Ciências. Os perfumes que combinam com o Mago são o mastic e o estoraque. As armas mágicas são a vara e o caduceu. Os deuses do Mago são Mercúrio, Hermes, Thoth e o Cinocéfalo.

 

 

LIÇÃO 21

A SACERDOTISA

 

É a Inteligência Unificadora, a consumação da verdade das coisas espirituais. A Sacerdotisa é o primeiro caminho do pilar do meio e está entre Kether e Tifareth. Ela está sentada entre os pilares BOAZ e JAQUIM (os do templo de Salomão - as colunas da Árvore da Vida). A Sacerdotisa representa os altos iniciados no plano espiritual. Ela é a "Porta do Santuário".

 

A Alta Sacerdotisa do Tarot de Waite. Sentada entre colunas, representa o Mistério que liga Kether (o Divino) a Tifareth (o Deus sacrificado). Nas suas mãos o Livro da Lei (nomeado como Torá).

 

Na linguagem maçônica, o ponto médio entre os dois pilares é conhecido como "câmara do meio". É a chave de todos os Mistérios! Entre os pilares há o conhecimento infinito; e, sobre a sua cabeça a Sabedoria (Chokmah) e o Entendimento (Binah). Na sua viagem para baixo se encontra a alma racional; na viagem para cima, a Coroa da Vitória! A perfeita integração dos espíritos ativo e passivo está expressada no Arcano da Sacerdotisa.

 

A Lua simboliza o estado de ânimo contemplativo, que surge a partir da inspiração. Tal inspiração somente é possível porque sofre influência da atividade vibrante do Sol. Os opostos luz e obscuridade são iguais. A tarde e a manhã formam o dia, noite e dia são aspectos de um mesmo período de tempo. Um dia pode ser um dia terrestre, galático ou universal.

 

Na maioria dos baralhos a Sacerdotisa é mostrada com uma cruz de braços iguais sobre o seu peito (o controle dos quatro pontos cardeais do Universo). Esta cruz também significa que há um perfeito controle dos quatro elementos em cada um dos quatro mundos. Aqui vê-se a Inteligência Unificadora trabalhando na integração e equilíbrio dos quatro elementos. A Lua é a influência astrológica deste caminho, e o elemento é a Água. É a Lua em seu aspecto mais elevado, com Diana (a celibatária) e Hécate (a senhora dos maus feitiços) em contraposição ou balanceamento.

 

No Tarot há uma grande afinidade entre os caminhos da Sacerdotisa e o arcano da Lua.

 

Note em suas mãos o rolo da Sabedoria que há de absorver o iniciado. Uma parte desta Sabedoria deve ser lida e decifrada pelas faculdades superiores, as últimas a serem despertadas. Este é o nível búdico de consciência, antes da aniquilação da personalidade. Aqui encontra-se o despertar da verdadeira compreensão que O LOUCO está inconscientemente buscando. Através deste caminho flui a última grande iniciação, pela Água...

 

"As Águas da Sabedoria que lavam as cinzas dos pensamentos consumidos e queimados".

 

Gimel é a letra hebraica do caminho e significa Camelo. Representa um Mistério Crístico que aqui não será desenvolvido, pois deve ser buscado pelo verdadeiro e interessado buscador. Uma dica: "é mais fácil para um camelo passar pelo olho de uma agulha...".

 

O azul é a cor do caminho, um raio de amor e sabedoria. As gemas da Sacerdotisa são a pedra da lua, a pérola e o cristal. O cachorro é o animal associado. As plantas são a almendoeira, a avelã, a lunaria e o botão de ouro. Os poderes mágicos são a adivinhação pelos sonhos e a clarividência. A arma mágica é um arco com flechas.

 

Ao trabalhar a meditação sobre este caminho, devem ser usadas aloé e cânfora. As drogas são zimbro e o poejo.

 

 

LIÇÃO 22

A IMPERATRIZ

 

No Mundo de Yetzirah é a Inteligência Iluminante. Inteligência esta proveniente das Sefiroth que a Imperatriz une (Chokmah-Sabedoria e Binah-Entendimento). O caminho corre horizontalmente na Árvore, e é a última barreira no caminho de baixo para cima. A letra hebraica do caminho é Daleth e significa "porta". Esta porta é o olho da agulha pelo qual deve passar o camelo (A Sacerdotisa).

 

Vênus gera influência sobre este caminho e traz consigo o elemento Terra. E é através deste elemento que a Imperatriz rege a Natureza (o planeta, o sistema solar, o zodíaco, o Universo). Este é um caminho de compaixão (a qualidade essencial para cruzar a última barreira). Dentro do caminho da Imperatriz se encontram a qualidade maternal de Binah e a qualidade paternal de Chokmah. Força e matéria se combinam.

 

Aqui está a linha divisória entre as águas por cima do firmamento e as águas por debaixo do firmamento (as Águas Celestiais e as águas naturais). A Imperatriz tem o poder de administrar as forças que geram a vida. Ela está sempre grávida! Em linguagem hermética, simboliza perfeitamente o Hermafrodita.

 

O arcano egípcio mostra a Imperatriz sentada dentro de um sol de trinta raios. Outros baralhos mostram a Imperatriz revestida de uma coroa com doze estrelas. Os raios simbolizam os signos do zodíaco, tal como as doze estrelas. O símbolo de Vênus aparece neste arcano em muitos baralhos de Tarot. Vênus é o planeta do amor, assim como o da cura.

 

A evolução do mundo das plantas se dá pelas mãos condutoras da Imperatriz. Ela é a mãe de toda a Natureza, a matriz da vida. A cor do caminho é verde esmeralda (um raio de harmonia).

 

As pedras preciosas da Imperatriz são a esmeralda e a turquesa. A murta, a rosa e o trevo são as plantas da Imperatriz. Os animais que vibram em harmonia dentro deste caminho são a pomba, o cisne e o pardal. Os filtros amorosos (poções, feitiços, encantamentos) são os poderes mágicos, e a arma mágica é um cinto. Os perfumes são a murta e o sândalo. As deusas que harmonizam com a Imperatriz são Vênus, Lalita, Freya e Afrodite.

 

 

LIÇÃO 23

O IMPERADOR

 

Chokmah e Tifareth estão unidos neste caminho. Uma inteligência natural é a qualidade de quem governa, típica do arcano Imperador. Governo tanto no nível físico como no espiritual. Nos termos da visão microcósmica, trata-se dos governos de reis e presidentes, e também os governos gozados por todos os indivíduos, estejam em situação baixa ou elevada. Os reinos governados são os corpos físico, mental e espiritual. O Imperador não é o consorte da Imperatriz, mas sim um complexo sistema energético que encontra seus fundamentos nela. O Imperador governa a si mesmo e ao seu império ("o que é dele" dentro da Natureza); a Imperatriz governa a si mesma e "toda" a Natureza.

 

Aqui se encontra o espírito empreendedor.

 

O Imperador se senta sobre uma pedra cúbica em forma de trono. Sobre os braços do trono há cabeças de carneiro. A cabeça de carneiro simboliza Áries, o primeiro signo astrológico. Trabalho, desafio e coragem são qualidades expressas do carneiro. Em alguns tarôs a mão do Imperador sustenta um cetro com a forma do Ankh egípcio, ou seja, o espírito que rege sobre a matéria. O Ankh simboliza a junção do espiritual com o material, sendo o fator espiritual o mais supremo.

 

A cor do caminho é escarlate. O cristal é a pedra preciosa. A planta é a oliveira. Os animais relacionados ao Imperador são o carneiro e o pavão. A Astrologia é o seu poder mágico. O perfume é o gálbano. As possíveis deusas do caminho são Juno (esposa de Júpiter) e Atena (Minerva dos romanos).

 

 

LIÇÃO 24

O HIEROFANTE

 

O Hierofante é o quinto arcano, ligando Chokmah a Chesed, ou seja, unindo Sabedoria à Misericórdia. É uma Inteligência Triunfante e Eterna. Na maioria dos tarôs, o Hierofante está sentado entre os dois pilares do Santuário (positivo e negativo). Os pilares representam a entrada da iniciação superior. Neste nível, os Mistérios das forças universais são conhecidos.

 

A tríplice cruz na mão do Hierofante simboliza que se há dominado os mundos físico, emocional/astral e mental. Um iniciado exitoso neste nível pode vir a tornar-se um Hierofante, mas não um deus. Mas aqui, um deus pode estar em formação. No mundo de Assiah (material) podemos ver a figura de um ocultista avançado, com autodomínio sobre o corpo físico. No nível de Yetzirah, um alto iniciado. No nível de Briah, o Hierofante é o mestre das forças universais (autodomínio búdico). A influência astrológica do caminho é Touro, e o elemento Terra. Neste caminho são desenvolvidos os poderes intuitivos. Em Atziluth é o arquétipo do autodomínio espiritual.

 

Na Terra, o Hierofante pode tomar a forma de um elevado dignatário religioso. A letra hebraica conectada a este arcano é "vav", que significa cravo (prego, gancho). A cor do caminho é laranja-avermelhado. O topázio é a pedra preciosa. A malva é a planta; o touro é o animal relacionado ao Hierofante. O topázio é a pedra preciosa. O poder mágico é o segredo da disposição física e força. As suas armas mágicas são as suas "preparações". O estoraque é o perfume; a droga é a cana-de-açúcar. Os deuses relacionados ao caminho do Hierofante são: Vênus, Ápis, Osíris e Hera.

 

 

LIÇÃO 25

OS AMANTES

 

Este é o sexto arcano, um caminho que une Binah e Tifareth, vindo do pilar negativo ao encontro do do pilar do meio. É um espírito que proporciona fé aos justos, também chamado de Fundamento da Excelência. Na maioria dos tarôs, esta carta mostra um jovem em meio de duas figuras femininas, sendo atraído em duas direções. Este é o caminho da eleição, das encruzilhadas da vida. É chegada a hora de tomar uma decisão.

 

O Enamorado do Tarot Clássico de Marselha.

 

A influência de Tifareth flui ao longo deste caminho exigindo um sacrifício (algo deve ser preterido em face de duas alternativas importantes). Qualquer que seja a decisão do jovem do arcano significará sacrifício. O caminho dos Amantes denota a separação entre dois caminhos. Falamos de duas alternativas: ou se trata de um sacrifício dos tesouros materiais pelos do espírito; ou a renúncia do espiritual pelo material. A eleição, em um sentido, pode elevar o iniciado ao nível de consciência de Binah; realizada em outro sentido, pode significar uma imersão, através de Tifareth, no caminho das provações.

 

Gêmeos é a influência astrológica neste caminho, predominando o elemento Ar. Os gêmeos devem ser reconciliados, senão irão estabelecer uma ordem de rivalidade e oposição. Mas, em Tifareth, o equilíbrio e a harmonia são as qualidades deste caminho.

 

No mundo de Briah (criativo) esta é a última iniciação do Ar. Nos níveis Yetzirático (formativo) e Assiático (material) há também iniciações do Ar. A flecha disparada por Cupido (um anjo guardião) é um símbolo do Ar, símbolo do espírito. O arco é um símbolo de promessa e verdade eternas. No mundo de Assiah (material), as pessoas devem escolher em viver uma vida voltada mais para o espiritual ou mais para o puramente material.

 

"Assim será o teu juízo, tu mesmo já o tens decidido" (Reis, 1)

 

Zain é a letra hebraica do caminho dos Amantes. O significado de Zain é "espada". Os Amantes é o caminho que está sob a espada de Dâmocles. Neste nível de consciência se há de decidir "viver pela espada ou morrer pela espada". Esta espada tem dois gumes, e é a mesma espada do rei Arthur e de Sigfrido.

 

Os raios do Sol, em torno do anjo guardião, representam a esfera do Universo e os caminhos da Árvore. Esses raios também criam a promessa de que o estudante iniciado sempre terá por perto o anjo-da-guarda para protegê-lo. "Quando o discípulo está preparado, o mestre aparece". A luz deste caminho é tal como um raio laranja, o que representa os níveis superiores da mente.

 

As pedras preciosas dos Amantes são a turmalina e a alexandrita. As orquídeas são as plantas; o pássaro pega-rabuda é o animal. Os poderes mágicos do caminho são o dom da profecia e estar em dois lugares ao mesmo tempo (bilocação). A droga vegetal é a cravagem; o perfume é o absinto. A arma mágica é um tripé. Os deuses do caminho são Castor e Polux e outras deidades gêmeas, assim como Apolo* e Artemis.

 

*Apolo, filho de Zeus, era um deus da cura (mas poderia disseminar doenças disparando flechas). Carregava um arco de prata. Era também um deus oracular, uma divindade profética do Oráculo de Delfos. Transmitia aos homens os segredos da vida e da morte. Era identificado como o grande deus Sol.

 

 

LIÇÃO 26

O CARRO

 

O Carro é o décimo-oitavo caminho e o sétimo arcano. Binah e Geburah estão unidos pelo Carro. É um caminho de severidade e rigor, um arcano inflexível, de influência saturnina advinda de Binah. As percepções e os sentidos ocultos residem na sombra deste arcano, também identificado como "a causa das causas". A carta nos mostra um conquistador coroado e vitorioso (Alexandre, o grande, é um exemplo). O Carro, em forma de cubo, com quatro colunas que suportam uma marquise, simboliza o quaternário (sendo um dos mais conhecidos nas Ciências Ocultas: "saber, calar, ousar e fazer"). Outro exemplo são as quatro santas Criaturas Viventes (o touro, o leão, a águia e o homem); ou os quatro cantos do Universo suspensas sobre o cubo da matéria.

 

Conquistador dos elementos e controlador das forças universais. Em Briah, é o espírito que reina sobre a matéria. Em Yetzirah é a lógica sobre a emoção. Em Assiah são os atributos materiais de poder (sabedoria, inteligência, competência, política, carisma, governança, etc). Este caminho sugere a meditação de como usar corretamente o poder.

 

Câncer é o signo astrológico do Carro, e a Lua é o planeta regente de Câncer. Este caminho, então, é governado pela Água, sendo Câncer o signo clássico do Ocultismo e da influência dos sentidos. O entendimento das leis universais é uma das qualidades do caminho. O "7" é um número sagrado, associado com antigos mistérios e influências ocultas. Como bem aponta Sturkaker: "o homem tem sete corpos... todos já foram conquistados"?

 

O Carro é o Louco revestido de um rei guerreiro, e sua carroça é o veículo que transporta o espírito que prevalece sobre a matéria. Além do espírito que é transportado, adicionamos toda a estrutura espiritual da Cidade Celeste (Merkabah). A carroça quadrada que toca o solo e mais a sua marquise quadrada formam um duplo cubo. "Como é acima é embaixo", eis o significado do duplo cubo (Tábua de Esmeralda). O Carro é o meio que une espírito e matéria:

 

"Me revestiu (o espírito) de pele e carne, e me cercou de ossos e tendões" (Jó 10, v. 11).

 

A letra mística do Carro é um "cercado" ou "vala". A cor é âmbar; a pedra preciosa tem o mesmo nome. A flor-de-lótus é a planta do caminho. Os animais são o caranguejo e a tartaruga. O poder mágico é o de criar encantamentos. A arma mágica é um forno. O perfume é a ônica; a droga é o vegetal berro-d'água. Os deuses do caminho do Carro são: Mercúrio, Apolo e Auriga, e Kheper ("o primeiro raio de sol da manhã" - o deus do Sol e da ressurreição).

 

 

LIÇÃO 27

A FORÇA

 

A Força é o caminho que une Geburah e Chesed, uma barreira do meio, na Árvore da Vida. O arcano mostra uma jovem que fecha a boca de um leão. Estes são os poderes da moral, da persuasão e controle das instâncias animalescas do homem. O leão também simboliza a força e a coragem. A força moral e espiritual deve ser desenvolvida através dos aspectos negativos da natureza humana, o ato de controlar a besta que existe dentro de nós.

 

A ponderação entre a Justiça (Geburah) e Misericórdia (Chesed) é a chave do arcano, que também representa a ascendência do espírito sobre a matéria. A letra hebraica é Teth, a serpente, um símbolo antigo de duplo significado: tentação e sabedoria. Cuidado com a ilusão! Este é um aspecto da serpente. A superação da ilusão pode conduzir à sabedoria eterna e ao dom da cura. O caduceu é o símbolo da Medicina.

 

"Sejam, portanto, sábios como as serpentes e inofensivos como as pombas" (Mateus 10, v.6).

 

A afinidade astrológica com este caminho é Leão, e o elemento predominante é o Fogo - a força impulsionadora, o fogo da paixão e o fogo purificador. A besta interior deve ser conquistada antes que a besta exterior seja domada. No mundo arquetípico é o equilíbrio perfeito de Justiça e Misericórdia.

 

A cor deste caminho é amarelo, levemente esverdeado. O olho-de-gato é a pedra preciosa. A planta é o girassol. O animal é o leão. O poder de domar os animais é o poder mágico do mago que conhece este caminho. A disciplina é a arma mágica. Olíbano é o perfume. As drogas são as carminativas. Os deuses associados com a Força são: Vênus, Vishnu, Deméter e o Homem.

 

 

LIÇÃO 28

O EREMITA

 

Chesed e Tifareth estão unidos pelo caminho do Eremita. Um extremo deste caminho toca o coração da Árvore. Este é o caminho dos Deuses crucificados, procedentes da esfera da crucifixão (Tifareth) e da esfera dos Mestres (Chesed). O Eremita, tal como sugere o título do arcano, significa o caminho que o iniciado deve seguir sozinho.

 

"Teu báculo e teu cajado me confortam" (Salmo 23).

 

O arcano tradicional do Tarot mostra um ermitão caminhando com um báculo e uma lanterna, uma figura solitária com túnica e capuz. Aqui estão simbolizadas as solidões física, mental e espiritual. A única ajuda em meio à obscuridade do caminho é a lanterna (luz espiritual) que ele carrega. O Eremita está vestido com a túnica da sabedoria (azul) e o seu corpo mental está resguardado das ideias do mundo. A prova deste caminho é "viver consigo mesmo".

 

Misericórdia, Amor e Graça são as qualidades do Eremita, procedentes da influência de Chesed. O lado sombrio do arcano é a perversão dessas qualidades (no mundo material, seriam: a falsa emoção do vitimista, o amor egoísta e a traição da confiança por meio de uma falsa aproximação amigável).

 

Em Atziluth (o mundo arquetípico), o Eremita representa o homem perfeito que, como Enoque, "caminha e fala com Deus".

 

Mesmo que se denomine Eremita, não se trata de um caminho onde alguém possa abdicar de entrar no mundo físico. As lições dos indivíduos ermitões exigem que se passe nas provas das multidões enlouquecidas (o terrível e medíocre senso comum, em geral) e os ruídos causados pela sua desordem. A lição maior é manter a paz interior em meio à falta de atitude evolutiva da humanidade.

 

O báculo serve tanto para proteger a si, como para proteger a quem sofre injustiças. É o cajado do pastor, assim como é um cetro de poder. Este é o caminho de Yod, que significa mão. A primeira etapa de Jeovah é Yod (Yod-He-Vav-He).

 

"Minha própria mão me salvou" (Juízes 7, v.2).

 

Virgem é o signo astrológico do caminho, trazendo a influência do elemento Terra (Terra Mutável). É um caminho de pureza, sem a mancha das tentações das coisas terrenas. Reto e estreito é o caminho do Eremita. Sacrifício e Compaixão são as obrigações do Mago que segue por esta estrada; e há muitos obstáculos que devem ser enfrentados, com precaução. Aqui, o próprio indivíduo deve iluminar o seu caminho, assim como fornecer a luz a quem o segue (o caminho do líder que segue a verdadeira Sabedoria e conduz outros).

 

A cor do caminho é verde-amarelado. O verde é a harmonia através das lutas e conflitos; e o amarelo é a atividade criativa e intelectual. O peridoto é a pedra preciosa do Eremita; as plantas são a campanilha de inverno e o lírio. Qualquer animal solitário ou perdido pertence ao Eremita. Os poderes mágicos são a invisibilidade e a Iniciação. A força viril (a vara) e a lâmpada são as armas mágicas do Eremita. O perfume é o narciso. As drogas são as anafrodisíacas. Os deuses associados, são: Ceres, O Senhor da Ioga, Attis e Ísis.

 

 

LIÇÃO 29

A RODA DA FORTUNA

 

A Roda da Fortuna deve ser percebida como a Inteligência da Conciliação e Recompensa. É a conciliação dos quatro elementos. Em muitos baralhos de Tarot aparecem as Quatro Santas Criaturas Viventes nas quatro esquinas do arcano. Essas criaturas não só representam os quatro elementos primordiais, senão também os quatro signos astrológicos fixos. A influência dessas quatro criaturas sobre a totalidade da vida começou em Kether (a Coroa), o primeiro ponto, que são os Espíritos dos Ases. Um dos objetivos deste caminho é reconciliar a Sabedoria que vem sido emanada, desde cima, até este ponto da Árvore.

 

A Roda da Fortuna do Waite-Smith Tarot.

A Roda da Fortuna refere-se ao ciclo da vida e renascimento. Sobre este caminho o karma, bom ou mal, é manifestado. A Lei Universal executa sempre a sentença decretada pelo Arcano da Justiça.

 

Na maioria dos baralhos do Tarot o arcano mostra as letras T.A.R.O. sobre a roda (conforme ela gira ensina uma lição diferente). TARO significa Caminho Real (o caminho da verdade e do conhecimento). ATOR é o mesmo que Hathor, a deusa egípcia. ROTA implica em efeito cíclico, uma repetição dos caminhos ao longo dos quatro mundos, e muitas encarnações*. TORÁ é o rolo da Lei Universal e da sabedoria antiga, vislumbrada pela primeira vez nas mãos da Sacerdotisa.

 

(* boa parte, senão a maioria dos cabalistas, aceitam o dogma reencarnatório; mas, isto não é consenso entre a classe dos estudiosos de alto nível da Cabala Hermética).

 

Uma serpente que desce e um deus com cabeça de chacal que sobe. Sabedoria e conhecimento estão internalizados na serpente. No Anúbis está contida a ideia de um juízo imparcial. Conforme a roda gira, a serpente e o deus com a cabeça de chacal mudam de posição, o que implica na constatação das suas qualidades quando posicionados no alto.

 

A esfinge contém nela as Quatro Santas Criaturas Viventes. Integradora dos quatro elementos e do perfeito equilíbrio, tende a manter-se estática e fixa no alto da Roda. Sobre este arcano é possível ter a compreensão de todas as lutas da rotina diária de viver. A Roda revela o êxtase de se estar por cima, assim como a miséria e o sofrimento de se estar por baixo. Estar tanto em cima quanto embaixo, no vale do inferno, é essencial para a experiência do Homem. Em relação a um iniciado, enquanto este não provar as doçuras e as amarguras da vida, não há como elevar-se no caminho da espiritualidade. É a roda da vida em ação, em benefício da evolução esotérica.

 

O caminho da Roda une Chesed e Netzach, e sofre a influência de Júpiter e do elemento Água. A letra hebraica representativa é Caph (uma letra dupla que quer dizer "riqueza-pobreza"), um dos portais da alma. Caph também se traduz em punho, ou palma da mão.

 

"Quem mediu na concha da sua mão as águas, e tomou a medida dos céus aos palmos, e recolheu numa medida o pó da terra e pesou os montes com peso e os outeiros em balanças?" (Isaías 40, v.12).

 

Violeta é o raio de cor régio do caminho da Roda da Fortuna. Ametista e lápis-lázuli são as pedras preciosas que são encontradas neste caminho. As plantas em harmonia com a Roda são: hissopo, carvalho, álamo e a figueira. A águia, símbolo do espírito do Ar, pertence a este caminho.

 

Os poderes mágicos da Roda são os de adquirir poder de ascendência em todos os campos da vida. O açafrão é o perfume, a cocaína é a droga. A arma mágica é o cetro. E os deuses do pilar positivo da Árvore, pertencentes à Roda da Fortuna são: Júpiter, Plutão, Brahma, Zeus e Amón-Ra.

 

 

LIÇÃO 30

A JUSTIÇA

 

O Arcano da Justiça liga a esfera de Geburah (a esfera da severidade e símbolo da morte) à esfera de Tifareth (que tem as qualidades de equilíbrio e harmonia). Aqui estão incorporadas as qualidades da justiça equilibrada, pura - a justiça da Lei Universal. É sobre este caminho que os Senhores do Karma pronunciam as suas sentenças. A influência de Marte (Geburah) envia um raio vermelho de poder, por vezes denominado de raio destruidor.

 

A letra da Justiça é Lamed, que significa aguilhão; um instrumento pontiagudo utilizado para que um boi continue andando... Neste ponto da viagem, o Louco se dá conta de suas ações. O aguilhão destrói a complacência e incita o indivíduo a viver e a fazer esforços maiores. No mundo terreno (Assiah) significa a força e os impulsos motivados para adquirir poder e riqueza material. Por outro lado, contrabalanceando o peso colocado em um dos pratos da balança, pode significar o abandono das coisas materiais para obter as espirituais.

 

No mundo das emoções (Yetzirah) percebe-se que é muito fácil dirigir-se a uma meta equivocada. A visão pode ser distorcida pela emoção. Neste nível, as religiões são seguidas cegamente, o que torna possível seguir os caminhos das religiões negativas (as dos magos negros).

 

No mundo criativo de Briah, com suas forças angelicais, a Justiça comporta-se como um poder universal, controlando os impulsos do Louco. Este caminho é governado pelo elemento Ar e pelo signo de Libra - os pratos da balança. Com o equilíbrio de Tifareth e a força impulsionadora de Marte (Geburah), o caminho pode ser superado com êxito.

 

Durante todo o tempo em que o iniciado meditar sobre este caminho, os pratos da balança estarão sempre em movimentos descompensados. Neste caminho, as lições de causa-e-efeito são aprendidas.

 

A Justiça empunha uma espada de dois fios. Sem misericórdia para aqueles que se encontram no caminho negro, porém justa para o verdadeiro iniciado da mão direita. As virtudes espirituais podem ser desenvolvidas por aqueles que se desdobram no astral e percorrem com a alma pura o caminho da Justiça.

 

"As palavras dos sábios são como aguilhões (arcano da Justiça), e como pregos (arcano Hierofante), bem fixados pelos mestres das assembleias, que nos foram dadas pelo único Pastor" (Ec 12, v.11).

 

A cor do caminho é verde-esmeralda; e a pedra é a esmeralda. A planta é a aloé. O elefante é o animal conectado ao arcano da Justiça. Os poderes mágicos são as obras justas e equilibradas. Uma cruz de braços iguais é a arma mágica. O perfume é o gálbano. O Tabaco é a droga vegetal. E os deuses do arcano são: Vulcano, Yama, Minos, Ma e Maat.

 

 

LIÇÃO 31

O ENFORCADO

 

O Enforcado une Geburah a Hod. Sendo uma inteligência estável, promove as lições de enxergar o mundo sob um ponto de vista errôneo e também o ato de sacrifício. A Sabedoria só é obtida pelo sacrifício das coisas mundanas, e abdicar disto é como viver em um mundo virado ao contrário. Quem faz este sacrifício vence o mundo.

 

Hod é um dos caminhos os quais dão acesso aos Deuses sacrificados, e é influenciado pelo elemento Água. A Água da Sabedoria, água da qual todas as coisas brotam. Imutável em si mesma, esta é a água espiritual que dá estabilidade ao Enforcado. Este caminho tem algo em comum com a Sacerdotisa; ambos são caminhos iniciáticos que se utilizam das Águas da Vida.

 

Mem é a letra hebraica do caminho, e significa água ou mar de águas. Justiça (Geburah) e Glória (Hod), as esferas unidas pelo Enforcado, são as qualidades básicas do arcano. O estudante iniciado deve ter cuidado com as formas errôneas da Justiça e da Glória (estes são os perigos do caminho). No mundo de Atziluth (arquetípico) trata-se de um sacrifício perfeito. No nível de Briah (o mundo criativo), é a renúncia final dos mundos inferiores. No nível de Yetzirah (o mundo formativo), é o ato de martirizar os planos mental e emocional. E, no mundo de Assiah (material) temos a esfera dos primeiros sacrifícios espirituais ou materiais dos indivíduos encarnados.

 

"As profundezas do mar, um caminho a ser cruzado pelos redimidos" (Isaías 51, v.10).

 

A Fênix que irá ressurgir das cinzas é uma expressão perfeita do arcano (após o sacrifício pessoal, o espírito se fortalece na Luz da Verdade, tornando-se mais brilhante). A cor é o azul profundo. O berílio é a gema. Todas as plantas da água pertencem ao caminho do Enforcado, principalmente o lótus. Os animais são a águia e o escorpião. Os poderes mágicos são aqueles contidos nos talismãs. As armas mágicas são o cálice e a cruz. O seu perfume é a mirra. As drogas são os sulfatos, e a droga vegetal é a cáscara sagrada. O deus do caminho é Poseidon (o Netuno dos romanos).

 

 

LIÇÃO 32

A MORTE

 

Tifareth (a Beleza) e Netzach (a Vitória) são as Sefiroth unidas pela Morte. Inteligência Imaginativa é a designação deste arcano. A letra hebraica é Nun, que significa peixe ou propagação/geração (advinda de uma divisão, tal uma multiplicação celular). Netzach é uma esfera comum de encontro para os arcanos da Morte e da Roda da Fortuna. Através de Netzach se obtém a vitória sobre a Morte.

 

A partir de Tifareth (a esfera dos deuses sacrificados) o estudante iniciado é impelido a meditar a Morte tendo como fundamento a Roda da Fortuna. Após a morte, uma nova vida é um novo ciclo. Tudo começa e termina, e começa novamente, enquanto a Roda girar.

 

A essência do arcano da Morte é compreender a vida pelos adventos dos fins.

 

Em termos filosóficos, o ciclo da Morte contém uma escala de abrangência que se inicia desde o ateísmo até a adoção da religião ortodóxica, e desta até as esferas mais metafísicas e ocultas. Em outras palavras, a Morte compreende desde um nascimento, onde quem engatinha não compreende a sua existência, até uma maturidade absoluta, onde a Luz Espiritual preenche todo aquele que se tornou, verdadeiramente, um Eremita.

 

Mas a Morte pode referir-se também a uma queda, ou seja, um meio de retrocesso. Afinal, o arcano Segador, colhe sempre no final aquilo que plantou no começo.

 

No mundo arquetípico (Atziluth), a Morte retrata o padrão perfeito da vida periódica e indestrutível. Os corpos físicos retornam ao pó donde vieram e este, por sua vez, alimenta outras formas de vida. O espírito vagueia entre a carne e o sutil, mas não perde o seu formato misterioso. Logo, a Morte é um processo de seguidas transformações, não um fim si mesma, pois não ela simplesmente não existe!

 

Conforme o Louco atravessa os quatro mundos, ele experimenta as diferentes faces da Morte, que se traduzem em formas e sensações específicas.

 

Este arcano nos ensina que, por vezes, a destruição é necessária a fim de reconstruir. É a passagem de um mundo (ou estado) para outro. As gerações se confirmam nas sucessivas mortes dos antepassados; mas, como a verdadeira morte não existe, um filho é a extensão do pai, e este filho é o próprio pai nos termos genéticos-hereditários. O pai, mesmo morto, vive no seu filho!

 

"Pois as riquezas não são para sempre, e a Coroa perdura durante todas as gerações" (Prov. 27, v.24).

 

A morte é a "noite escura da alma", mas Kether (a Coroa) perdura durante todas as gerações, desde Malkuth (o pó da terra) até Atziluth (o mundo arquetípico, perfeito, a cidade celestial). A cor em harmonia com a morte é o verde-azulado. A serpentina é a gema. O cactus é a planta. Os animais são o escorpião e o lobo. A necromancia é o poder mágico da Morte. A arma mágica são as dores das obrigações (a mortificação pelo trabalho duro, intelectual ou fisicamente exaustivos). Ao meditar sobre o caminho da Morte, o perfume utizado é opoponax (mirra doce). Os deuses do caminho são: Marte, Ares e Kefra.

 

 

LIÇÃO 33

A TEMPERANÇA

 

A Temperança une Tifareth a Yesod, no pilar do meio. Este é o caminho onde se há de abandonar a esfera emocional (lunar) de Yesod, uma Inteligência Probatória, onde se deve meditar sobre as tentações. Os primeiros passos em direção à noite escura da alma se iniciam na Temperança, um esforço para compreender a sabedoria antiga com a intenção de caminhar só algum dia (chegar ao estatus do Ermitão).

 

A Temperança está ligada aos sacrifícios de posição social, poder e prazer material (mas, "Os últimos serão os primeiros!"). Aqui, é fácil romper com amigos e familiares que não se encontram alinhados com este caminho. A destruição da personalidade conduzirá a uma nova personalidade (é necessário destruir o antigo para que seja construído o novo). Neste ponto, o iniciado (estudante), mesmo só, encontra um Guadião que lhe ajuda. Note, o arcano da Temperança é um Arcanjo que faz a mistura das Águas da Sabedoria. Com o passar do tempo, ao passo em que as provas do iniciado se dão por bem concluídas, este Arcanjo sai de cena, pois o Eu Superior foi acordado e trabalha para si próprio (com força arcangélica).

 

Alguns designs do Tarot mostram a Temperança com um dos pés na água e outro na terra, simbolizando a ponte entre o espiritual e o físico. Também refere-se à uma mudança de estado (ex.: de um modo de vida para outro; da doença para a saúde; da pobreza para a riqueza). Duas ânforas são seguras pelo Arcanjo que mistura as forças vitais de modo a modificá-las ou equilibrá-las.

 

A letra hebraica é esteio, apoio. A Temperança é "O Anjo do Tempo", pois a água que flui de uma vasilha para outra também representa o fluxo do passado até o presente, e em direção ao futuro.

 

"Há vasilhas de ouro e prata, mas também de madeira e barro, algumas para honrar e outras para desonrar" (São Paulo).

 

Como continuação do arcano da Morte, a Temperança pode ser percebida como a transição da carne para o espírito. Sagitário rege o caminho junto do elemento Fogo. Composto, o caminho da Temperança tem a influência da Água de Yesod e o fogo Solar de Tifareth. Então, conclui-se que a Temperança sofre as provas das chamas frias da Lua e das chamas espiritualmente quentes do Sol de Tifareth (o coração da Árvore da Vida). Aqui, fogo e água se mesclam em perfeita harmonia.

 

O azul é a cor em vibração com a Temperança. O jacinto é a pedra preciosa. A planta é o junco; e os animais são o cachorro e o cavalo. O poder mágico do caminho da Temperança é a transmutação! A arma mágica é a flecha. O perfume é o da aloé. As deusas são Diana e Ártemis.

 

 

LIÇÃO 34

O DIABO

 

Tifareth está em um extremo e Hod no outro. Na viagem de ida (na Árvore, de cima para baixo) o caminho corre o pilar do meio, equilibrante, até o pilar negativo; no caminho de volta (de baixo para cima), o iniciado sai de uma esfera negativa e encontra equilíbrio. Em Tifareth, onde o caminho do Diabo termina, tem início o caminho do Eremita.

 

Na figura do arcano cabalístico, o Diabo mantém prisioneiros o homem e a mulher (Adão e Eva?). O Diabo é também conhecido como Lúcifer (o portador da luz). Esta luz é dupla: a do bem, e a do mal. E, nesta dualidade reside os fundamentos da Verdade e da Sabedoria. Neste arcano é percebida a relação do diabo com a Divindade. É uma Inteligência de Renovação. Ayin é a letra hebraica, que tem por significado "olho".

 

"De onde, pois, é proveniente a Sabedoria, e qual é o lugar do Entendimento?* Está oculto aos olhos de todo vivente" (Jó 28, v. 20-21)

(*Sabedoria é a primeira esfera do pilar positivo da Misericórdia; e Entendimento é a primeira esfera do pilar negativo da Justiça).

 

Capricórnio é o signo astrológico e o elemento influente é Terra. Os personagens encadeados do arcano simbolizam os aspectos positivo e negativo da vida. O Diabo equilibra opostos (o bem e o mal necessitam estar em constante combate para que a vida seja equilibrada). Não há divisão entre bem e mal, há sim uma vida única, tal como ela é. O arcano do Diabo vem entregar à humanidade a compreensão de todas as coisas. Ayin também significa nuvem, e é importante para o iniciado conseguir enxergar através dela, ou seja, em meio ao nublado estão a Verdade e o Conhecimento. E, é certo, conhecer o mal é necessário para permitir que o bem seja levado a cabo.

 

O cubo no qual o Diabo se assenta é o cubo do espaço (o Universo). Em realidade, há dois cubos, um onde estão fixos os humanos encadeados; o outro, acima, pertence ao Diabo. O que está em cima, também está embaixo.

 

Uma força negativa, essencialmente malévola e destrutiva, pode servir ao eixo positivo (ex.: uma arma atômica pode dar fim a uma guerra; a noção do "mal necessário" é coisa do Diabo).

 

O índigo é o raio de luz deste caminho. O diamente negro é a gema. As plantas são o cânhamo e o cardo. A cabra e o asno são os animais condizentes com o Diabo. O poder mágico é percebido no Sabat das bruxas. As armas mágicas são as lâmpadas (archotes) e a Força Secreta. O almíscar é o perfume. Os deuses relacionados ao Diabo, são: Pan e Set.

 

 

LIÇÃO 35

A TORRE

 

Netzach e Hod são as extremidades do caminho da Torre, o qual une a Vitória à Glória. Note as duas personagens que despencam da torre e sofrem o ataque do raio emplumado (um deles é um indivíduo comum, o outro da realeza, o que sugere que a aplicação da justiça recai sobre qualquer qualidade de estatus social). Esta é a torre de Babel que encontrou a sua ruína.

 

Hod é a esfera onde as religiões são construídas e destruídas, porque a imaginação corre à solta, consolidando, por muitas vezes, igrejas que não passam de ilusões de mentes humanas. É necessário destruí-las para que se possa reconstruí-las da maneira correta (e isto nada tem a ver com atos de vandalismo ou terrorismo contra templos religiosos e seus fieis). Em essência, um modo de vida deve ser destruído para que outro, melhor, tome o lugar (o que prevê o desenvolvimento e a evolução do indivíduo e das religiões). Neste sentido, novos os pensamentos, que somados aos tradicionalmente bons, poderão ser despertados.

 

A Torre do Tarot Clássico.

Arte de Luciano Kravetz, M.

TAROT CURITIBA, 2017.

O propósito deste caminho é o de destruir todos os pensamentos que não estão de acordo com a Lei Universal. As reflexões dentro desta Lei diferem em graus conforme a preparação do estudante iniciado (que é mais ou menos culto). No mundo de Assiah a tendência do pensamento humano deveria prever e praticar o auxílio mútuo (a preservação do edifício humano, e não a sua ruína). A Justiça Divina, justa e equilibrada, assim como o próprio juízo darão cabo de punir aqueles que edificam templos exteriores e/ou interiores sem propósitos justos.

 

Há uma relação com Geburah (Justiça), pois ambos arcanos têm a influência astrológica de Marte. O Fogo é o elemento do caminho, com todo o seu poder de purificação. O caminho da Torre é o local onde o indivíduo tem que dizer a si mesmo, intencionalmente:

 

"Não se faça a minha vontade, senão a Sua!"

 

Em outras palavras, de nada adiante edificar um templo exterior ou interior se este não estiver assentado na Rocha!

 

Outro nome para o arcano da Torre é "A Casa de Deus". A cor do caminho é escarlate, o fogo da Justiça Divina que golpeia a Torre. O rubí é a pedra preciosa. Absinto e arruda são as plantas. O urso e o lobo são os animais. Os poderes mágicos são os da ira e da vingança. A arma mágica é uma espada de dois fios. A pimenta é o perfume utilizado quando se trabalha dentro deste caminho. Os deuses predominantes são Marte e Ares.

 

 

LIÇÃO 36

A ESTRELA

 

A Estrela liga Netzach (a Vitória) a Yesod (o Fundamento/Alicerce). Regido por Aquário, a Estrela remete à imaginação e à esperança. Esta esperança é um poderoso raio-trator que prende a mente do homem a Deus! É um arcano de iluminação, a estrela-guia de Belém! Das suas jarras vertem as águas da vida.

 

"Que o firmamento (abismo) divida as águas das águas; as águas por cima do firmamento e aquelas por debaixo do firmamento." (Gênesis).

 

Nos desenhos arcanos, uma estrela de oito pontas (ou oito estrelas) simboliza o equilíbrio das forças universais dentro da matéria. As estrelas são as testemunhas universais do Registro Akáshico. A mulher está desnuda, simbolizando a pureza do espírito, as águas da consciência. Um raio de cor escarlate permeia o caminho; o rubí é a pedra preciosa; as plantas são a tigridia e o gerânio. O carneiro e a coruja são os animais sagrados. O poder mágico é o da consagração das coisas. As armas mágicas são os chifres, a energia e o buril. O sangue-de-dragão é o perfume que harmoniza com a meditação sobre o caminho da Estrela. Todos os excitantes cerebrais são as drogas; e os deuses relacionados são: Marte, Minerva, Shiva e Atena.

 

 

LIÇÃO 37

A LUA

 

A Lua liga Netzach a Malkuth e é uma esfera de ilusão, assim como Yesod (uma esfera próxima) também é. A letra hebraica é nuca ou orelha: "Quem tiver ouvidos para ouvir que ouça". Este é mais um caminho controlado pelo elemento Água (e a Lua rege Câncer, um signo da água); mas, este caminho é regido pelo signo de Peixes. As águas da Sabedoria estão presentes aqui (porque descem a partir de Chokmah, lá no alto da Árvore). O caranguejo na piscina reflete o subconsciente e as suas imagens distorcidas. A luz da Lua é mais fraca do que a do Sol, por isso torna as imagens menos claras (ou mais obscuras).

 

Os cães representam dois deuses em oposição: a Divindade e o Diabo (as sombras que fazem força para que não sejam reveladas as verdades). Positivo e negativo; Bem e Mal; Ativo e Passivo, enfim, dualidade e luta de opostos que possuem sedes nas duas torres. A luz da mente (o intelecto) é apenas uma chama fraca diante do caminho do desconhecido. Este caminho também é parte do caminho da noite escura da alma (os pesadelos, as aflições, as provações, a sensação de frio tumular, a ausência de cores). A Lua é o arcano do engano e da imaginação!

 

O caminho da Lua é a iniciação "menor" dentro do elemento Água. A Lua tem ligação estreita com o arcano da Sacerdotisa (a Água Maior). Os segredos da vida e da morte podem ser descobertos aqui, porém, é uma viagem de muitos perigos. A projeção astral e as experiências psíquicas, tais como o transe e a materialização, são parte das experiências dos iniciados de sucesso neste caminho. Um alerta: muita ilusão e engano provêm de crenças psíquicas. A luz que guia o caminho lunar exige calma, observação, escutar e guardar silêncio.

 

O raio de cor é violeta (ultravioleta no mundo de Atziluth). Amapola, hibisco e urtiga são as plantas. A crisólita é a pedra preciosa. Alguns deuses que correspondem ao caminho da Lua, são: Netuno, Vishnu, Poseidon e, certamente, Hécate habita lá.

 

O animal consagrado ao caminho é o golfinho. O âmbar cinzento é o perfume. Os poderes mágicos são os de criar ilusões e a arma mágica é o espelho-mágico. As drogas em harmonia vibratória são os narcóticos.

 

 

LIÇÃO 38

O SOL

 

O Sol une Hod a Yesod. Um caminho de esplendor, uma Inteligência Acumuladora, onde a partir desta se deduzem os juízos das estrelas. Próximo do Sol fluem a luz estelar de Mercúrio e a chama fria lunar. Neste arcano estão incorporados os quatro elementos: Mercúrio-Ar; Lua-Água; Sol-Fogo; e as crianças representam a Terra (Marselha). O elemento regente é o Fogo, pelo intermédio da influência do Sol, que é o planeta do caminho.

 

Um menino nu sobre um cavalo branco (símbolo de pureza), sob a luz do Sol, é o mesmo que cavalgar sob os raios da iluminação espiritual. As faces da materialidade não tem importância aqui. Aos que desejam conhecer o Divino devem ser puros como crianças. O orgulho é uma qualidade associada ao Sol, e o estudante-iniciado deve se prevenir contra desenvolver o orgulho espiritual.

 

Mercúrio é o chakra mundano de Hod, que pode influenciar decisões rápidas, mas também errôneas. São típicos deste caminho aqueles que crêem haver sido enviados ao mundo com propósitos divinos; logo, é o caminho dos ortodoxos e puritanos, mas também dos desvairados (aqueles que não fazem juízo correto com relação a sua própria perfeição). A letra hebraica é Resh (que significa cabeça ou rosto).

 

"A sabedoria de um homem faz com que o seu rosto brilhe" (Eclesiastes, 8).

 

O raio do caminho é laranja, o raio da mente concreta em harmonia com a iluminação Solar. O heliotropo é a pedra preciosa. Os girassois são as plantas. O gavião é o animal do Sol, um espírito de expansão e conquista.

 

Adquirir riqueza, espiritual ou material, é o poder mágico do caminho do Sol. As arma mágica é o arco-e-flecha (o arco da promessa e a flecha da destruição). A canela é o perfume para trabalhar dentro do Sol. O álcool é a droga. Os deuses proeminentes do caminho, são: Apolo, Surya, Helios e Rá.

 

 

LIÇÃO 39

O JULGAMENTO

 

É a união de Hod (Glória, Esplendor) com Malkuth (o Reino; o Mundo; o Universo). Trata-se de uma Inteligência Perpétua a qual regula o Sol e a Lua. Este é sentido do Juízo - regulação (ou trazer à tona a moral de uma história). Os homens também são regulados por juízos distintos: as leis do Direito terreno e as Divinas. O Juízo Final é, por consequência das causas, um parecer finalístico e imutável.

 

O arcano mostra um Arcanjo (Miguel) despertando os mortos (o homem é o representante do positivo; a mulher, do negativo; e a criança, o equilíbrio entre os opostos). Este caminho é purificado por Miguel-Fogo, que tanto pode construir como destruir. Dentro deste caminho, o iniciado pode avançar ou retroceder com liberdade, conforme aprende corretamente ou erra no seu juízo (o importante é chegar a um consenso mediador).

 

O caminho do Julgamento estabelece uma conexão íntima com a Terra, mas também toca Hod que, por sua vez, faz múltiplas conexões: com o Sol, com a Torre golpeada pelo Raio, com o Diabo e o Enforcado. Duas qualidades são comuns a todos esses caminhos: sacrifício e iluminação.

 

A Cruz de braços iguais na bandeirola do Arcanjo expressa os quatro mundos e os quatro cantos do Universo. Portanto, o juízo é abrangente, tanto em sentido lateral como vertical.

 

Todas as figuras do arcano estão nuas, porque todo juízo é sempre revelador!

 

Ao final de toda existência (morrer) se inicia a senda do Julgamento no plano astral dos espíritos desencarnados. Este é o caminho de Shin (em hebraico, dente): "Olho por olho", esta é Lei que avalia e julga os méritos e desméritos de todos os entes espirituais. Em Atziluth (o mundo da Perfeição) é o arquétipo do Juízo Perfeito; no mundo criativo de Briah é o juízo que cria a Lei Universal; em Yetzirah (o mundo formativo) trata-se de um juízo pessoal, bastante emocional, o qual os indivíduos não conseguem fugir e devem, obrigatoriamente, aceitar as sentenças; no mundo de Assiah é um juízo que prepara o indivíduo para uma nova vida, além-túmulo (ou nova encarnação, se este for o credo do cabalista).

 

A meditação sobre o arcano do Julgamento pode conduzir o praticante a outros níveis de consciência. A cor do caminho é laranja-ígneo. A opala é a pedra preciosa. O leão é o animal sagrado. As plantas são a urtiga e o hibisco. O poder mágico é o da evocação. As armas mágicas são a vara e a lâmpada. O perfume adequado para trabalhar dentro do caminho do Juízo é o olíbano. Os deuses assinalados no caminho são Plutão (deus da desintegração), Hades e Hórus.

 

 

LIÇÃO 40

O UNIVERSO

 

Por fim, na Árvore da Vida, temos a união de Malkuth (o Reino) com Yesod (o Fundamento). Falamos das raízes da Árvore (Malkuth) que tem em sua copa Kether (a Coroa). Este arcano também é conhecido como O Mundo, uma Inteligência Administrativa.

 

O arcano Universo administra os planetas e os seus cursos no Cosmo por inteiro, na sua infinitude.

 

Uma mulher jovem, seminua, rodeada por uma grinalda de louros. Nos quatro cantos da carta de Tarot se encontram as Quatro Santas Criaturas Viventes (que surgiram em Kether). Estas Santas Criaturas têm os seus prepostos angelicais que sobem e descem pela Árvore (Escada de Jacó) e cumprem os seus papeis de construtores invisíveis.

 

Em Malkuth, os quatro elementos são os sentidos físicos e também o Tetragrammaton manifestado na matéria (YHVH); são as quatro esquinas do Universo. Sem dúvida, um arcano vitorioso, que simboliza toda a força que AIN tem dentro de si.

 

Então, foi outorgada à humanidade poder administrar e equilibrar essas quatro forças: o Leão (a força e a coragem); o Touro (a paciência); a Águia (a capacidade de atingir as alturas); e o Homem (a sabedoria espiritual).

 

Se expressa aqui o axioma do Ocultismo:

 

OUSAR

FAZER

SABER

CALAR

 

Aqui encontramos ambos, MACROCOSMOS e MICROCOSMOS, sendo o Homem um universo em si mesmo. A elipse que permeia a figura do arcano simboliza os intermináveis ciclos da vida, onde não há começo, nem fim. A partir daqui inicia-se a jornada de subida de todo o ser humano, um caminho que vai serpenteando todas as esferas e caminhos da Árvore, se assim o espírito humano desejar ou puder realizar a tarefa.

 

Saturno rege o caminho com as suas devidas restrições, e também está relacionado com Binah.

 

A partir desta perspectiva, admiramos o Zodíaco.

 

"O que está em cima (espiritual) é como o que está embaixo (material)". Os planos de Kether foram concluídos no caminho do Universo. Aqui a matéria densa deve ser trabalhada de modo ao espírito poder retornar para a sua Fonte. É um caminho de oportunidade! Tau é a letra hebraica, e significa Cruz Tau, ou seja, um limite. E este limite é o Universo!

 

A cruz cristã é o símbolo do espírito crucificado na matéria; e a Cruz Tau simboliza o espírito que paira sobre a matéria.

 

O raio de cor é o índigo (um raio devocional na esfera física). O ônix é a pedra preciosa do Universo, condizente com a escuridão de Saturno. O animal associado é o crocodilo. O freixo e o cipreste são as plantas. A Alquimia é o poder mágico do Universo. A arma mágica é uma foice. O incenso é o perfume para meditar no caminho.

 

Os deuses associados com o Universo são: Saturno, Brahma, Neftis e Atena.

 

 

REFERÊNCIAS

 

Principal:

*Os aforismos cabalísticos de James Sturzaker, Editorial Sirio.

De apoio:

O Tarot cabalístico de Robert Wang, Editora Pensamento.

 

*A referência principal desses resumos cabalísticos não está perfeitamente alinhada com a nossa fonte preferida de pesquisa - Golden Dawn. Apesar disso, apreciamos os aforismos de Sturzaker os quais nos apoiamos. Sturzaker é um dos autores que permutam as posições da Estrela e do Imperador na Árvore da Vida em face do entendimento da G. D. Nas instruções gerais da Aurora Dourada o Imperador encontra-se posicionado na Árvore tal como a apresentamos neste estudo. Nos referenciamos nos aforismos cabalísticos de Sturzaker, mas ordenamos os Arcanos conforme preconiza a G. D.

 

Prof. Luciano Kravetz, Mestre esotérico.